Boas entradas para 2006 ...
31 dezembro 2005
30 dezembro 2005
A Conspiração ...
"A Conspiração" ("Deception Point", 2001) é o último livro de Dan Brown publicado entre nós. Comecei a minha leitura com a expectativa que o autor seguiria o mesmo esquema narrativo do "Código Da Vinci" (em Maio nos cinemas) e de "Anjos e Demónios", mas até agora tenho notado algumas alterações. De Robert Langdon, até à página 95, não há sinais.
Dezembro, mês do Natal ...
Lisboa, Rua Garrett, 29 de Dezembro de 2005, às 17h47.
Lisboa, Rua Garrett, 29 de Dezembro de 2005, às 17h55.
Lisboa, Praça do Comércio, 29 de Dezembro de 2005, às 18h13.
Lisboa, Praça do Comércio, 29 de Dezembro de 2005, às 18h16.
Ontem, ao final da tarde, passei pelo Chiado e Praça do Comércio. A cidade está bonita. As iluminações de Natal dão-lhe um outro encanto e são um bonito espectáculo.
Na Praça do Comércio, a gigante árvore de Natal suscita a curiosidade. São muitas as pessoas que ali se deslocam para a contemplar e, como não podia deixar de ser, tirar umas fotografias. Sim, sim ... eu fui uma delas.
Na Praça do Comércio, a gigante árvore de Natal suscita a curiosidade. São muitas as pessoas que ali se deslocam para a contemplar e, como não podia deixar de ser, tirar umas fotografias. Sim, sim ... eu fui uma delas.
29 dezembro 2005
Imagens de Lisboa
Lisboa, Penha de França, 27 de Dezembro de 2005 às 12h37.
Mudos, mudados, mortificados,
estão nos troncos pousados,
na ânsia solar de telhados,
sob céus brancos e estagnados;
imóveis, parecem empurrados
por ventos abstractos e errados:
sem asas, os corpos inclinados,
mortos nos beirais desolados,
sem cantos nem versos contados.
Frios. Vagos. Astros petrificados.
Nuno Júdice
Pássaros
estão nos troncos pousados,
na ânsia solar de telhados,
sob céus brancos e estagnados;
imóveis, parecem empurrados
por ventos abstractos e errados:
sem asas, os corpos inclinados,
mortos nos beirais desolados,
sem cantos nem versos contados.
Frios. Vagos. Astros petrificados.
27 dezembro 2005
Mais Livros ...
Neste Natal, para aumentar a minha lista de leituras, recebi "Xeque ao Rei" de Joanne Harris (desta escritora li "Cinco Quartos de Laranja" e vi a adaptação para cinema do conhecido "Chocolate"); "Sobre a Mão e Outros Ensaios" de João Lobo Antunes (até agora, li "Memória de Nova Iorque e Outros Ensaios" (2002)) e "Sábado" de Ian McEwan, que é para mim um autor a descobrir.
Bem, como votos para 2006 começo já a antever que tenho que dedicar mais tempo à leitura....
Bem, como votos para 2006 começo já a antever que tenho que dedicar mais tempo à leitura....
Dezembro, mês do Natal ...
24 dezembro 2005
21 dezembro 2005
Bicentenário da Morte de Bocage
Já Bocage não sou!... À cova escura
Já Bocage não sou!... À cova escura
Meu estro vai parar desfeito em vento...
Eu aos Céus ultrajei! O meu tormento
Leve me torne sempre a terra dura.
Conheço agora já quão vã figura
Em prosa e verso fez meu louco intento;
Musa!... Tivera algum merecimento
Se um raio de razão seguisse pura!
Eu me arrependo; a língua quase fria
Brade em alto pregão à mocidade,
Que atrás do som fantástico corria.
Outro Aretino fui... A santidade
Manchei - ... Oh! Se me creste, gente ímpia,
Rasga meus versos, crê na eternidade!
Manuel Maria Barbosa du Bocage nasce, em Setúbal, no dia 15 de Setembro de 1765. Morre a 21 de Dezembro de 1805. Foi um génio incompreendido numa sociedade decadente e "imbecilizada pelo obscurantismo religioso". Para a posteridade ficou a sua Obra. Que viva Bocage!
20 dezembro 2005
Dezembro, mês do Natal ...
A maior Árvore de Natal da Europa, vista a partir do Castelo de S. Jorge numa tarde de sol.
Portugal tem a maior árvore de Natal da Europa, o Brasil tem a maior do mundo. Que países tão ricos!
17 dezembro 2005
"A Dança" de Henri Matisse
Ao remexer uns papéis antigos, encontrei um postal de "A Dança" que há muito já tinha a sensação de estar perdido. "A Dança" é provavelmente o quadro mais famoso de Henri Matisse e continua a exercer em mim um certo fascínio.
No quadro encontramos representadas cinco figuras femininas (aparentemente), dançando nuas em roda de um eixo imaginário; uma colina ou um monte e o céu, ou talvez a água de um lago ou rio.
Predominam duas cores primárias azul e vermelho (alaranjado) e o verde complementar. As cores criam silhuetas recortadas que se unem num equilíbrio entre o verde e o azul em contraste com o tom cálido. As cores criam unidade e possuem uma luminosidade própria, intensa, valem por si.
O quadro exprime movimento e ritmo - derivado das formas arredondadas e volumosas das figuras que dançam. Estas figuras apresentam uma certa elegância (leveza de formas), assim como sugerem força corporal e muscular que impele ao movimento. As figuras transmitem energia.
A figura inferior central, com posição oblíqua, funciona como o "veio de transmissão" do movimento em elipse, no sentido dos ponteiros do relógio, ritmado como que a marcar o tempo.
O movimento e ritmo apontam para uma certa embriaguez (ou entusiasmo) dionisíaca, no sentido de uma libertação da dualidade humana (em relação à terra). Para o efeito contribui a cor vermelha (cor quente), que pode simbolizar o fogo que aspira ao alto, ou a força da vida, logo um culto iniciático, uma vertente divina; é essencial a tensão sugerida pelo tom cálido entre as cores frias (verde e azul).
A fertilidade é sugerida pela cor vermelha dos corpos nus e pela figura central vertical, devido à forma do ventre.
"A Dança" de Matisse alude à obra de Igor Stravinsky "A Sagração da Primavera". Sob certo ponto de vista, a representação de figuras que dançam num frenesim embriagante e primitivo, em "A Dança" alude ao ritmo diabólico e demolidor de "A Sagração da Primavera".
No quadro encontramos representadas cinco figuras femininas (aparentemente), dançando nuas em roda de um eixo imaginário; uma colina ou um monte e o céu, ou talvez a água de um lago ou rio.
Predominam duas cores primárias azul e vermelho (alaranjado) e o verde complementar. As cores criam silhuetas recortadas que se unem num equilíbrio entre o verde e o azul em contraste com o tom cálido. As cores criam unidade e possuem uma luminosidade própria, intensa, valem por si.
O quadro exprime movimento e ritmo - derivado das formas arredondadas e volumosas das figuras que dançam. Estas figuras apresentam uma certa elegância (leveza de formas), assim como sugerem força corporal e muscular que impele ao movimento. As figuras transmitem energia.
A figura inferior central, com posição oblíqua, funciona como o "veio de transmissão" do movimento em elipse, no sentido dos ponteiros do relógio, ritmado como que a marcar o tempo.
O movimento e ritmo apontam para uma certa embriaguez (ou entusiasmo) dionisíaca, no sentido de uma libertação da dualidade humana (em relação à terra). Para o efeito contribui a cor vermelha (cor quente), que pode simbolizar o fogo que aspira ao alto, ou a força da vida, logo um culto iniciático, uma vertente divina; é essencial a tensão sugerida pelo tom cálido entre as cores frias (verde e azul).
A fertilidade é sugerida pela cor vermelha dos corpos nus e pela figura central vertical, devido à forma do ventre.
"A Dança" de Matisse alude à obra de Igor Stravinsky "A Sagração da Primavera". Sob certo ponto de vista, a representação de figuras que dançam num frenesim embriagante e primitivo, em "A Dança" alude ao ritmo diabólico e demolidor de "A Sagração da Primavera".
15 dezembro 2005
Viagem ...
Viajo pela selva amazónica através das palavras de Ferreira de Castro. Conheci o Alberto, o Firmino, o Juca Tristão, entre outros. Acompanho o trabalho dos seringueiros, as suas amarguras, dificuldades e tensões ... A minha viagem ainda não terminou.
Proposta de leitura via Leitura partilhada
Proposta de leitura via Leitura partilhada
14 dezembro 2005
Sunrise: A Song of Two Humans ...
Indre, de rosto inocente e com a doçura de um anjo louro, é a mulher de Anses. Margaret, mulher da cidade, sedutora, libertina, aproxima-se e enfeitiça Anses (a força).
A vamp, Margaret, irá tentar "destruir a respiração desses dois seres". Num "pacto faustico" com Anses irá premeditar a morte de Indre. Anses preso pela tentação começa a arruinar-se. Mas como que embruxado por Margaret, tenta cumprir o pacto.
Quebrado o feitiço, de Anses, surge o remorso e a tentativa de reparação da culpa através da reconciliação com Indre. Mergulham na cidade. A cidade como lugar de tentação, de desenvolvimento, mas também como lugar de festa e diversão.
De regresso, dá-se a prova final. A descida ao Hades, o resgate e o triunfo do bem sobre o mal.
«Sunrise: A Song of Two Humans», de F.W. Murnau, transporta-nos para um universo de polaridades: claro/escuro, bem/mal, anjo/demónio, puro/impuro, sagrado/profano, alegria/tristeza, amor/ódio, campo/cidade, etc.
Murnau jogou com os planos, com sobreposições e simbolizações. O resultado final é uma verdadeira obra prima do cinema. Ainda em exibição no Nimas.
A vamp, Margaret, irá tentar "destruir a respiração desses dois seres". Num "pacto faustico" com Anses irá premeditar a morte de Indre. Anses preso pela tentação começa a arruinar-se. Mas como que embruxado por Margaret, tenta cumprir o pacto.
Quebrado o feitiço, de Anses, surge o remorso e a tentativa de reparação da culpa através da reconciliação com Indre. Mergulham na cidade. A cidade como lugar de tentação, de desenvolvimento, mas também como lugar de festa e diversão.
De regresso, dá-se a prova final. A descida ao Hades, o resgate e o triunfo do bem sobre o mal.
«Sunrise: A Song of Two Humans», de F.W. Murnau, transporta-nos para um universo de polaridades: claro/escuro, bem/mal, anjo/demónio, puro/impuro, sagrado/profano, alegria/tristeza, amor/ódio, campo/cidade, etc.
Murnau jogou com os planos, com sobreposições e simbolizações. O resultado final é uma verdadeira obra prima do cinema. Ainda em exibição no Nimas.
12 dezembro 2005
A Cabeça de Medusa ...
«O único herói capaz de cortar a cabeça à Medusa é Perseu, que voa de sandálias aladas, Perseu que não volta os olhos para o rosto da Górgona mas só para a sua imagem reflectida no escudo de bronze. (...) Para cortar a cabeça de Medusa sem se deixar petrificar, Perseu apoia-se no que há de mais leve, o vento e as nuvens; e fixa o olhar no que só poderá revelar-se-lhe numa visão indirecta, numa imagem captada pelo espelho. (...)
A relação entre Perseu e a Górgona é muito complexa: não acaba com a decapitação do monstro. Do sangue da Medusa nasce um cavalo alado, Pégaso; o peso da pedra pode-se converter no seu contrário; com uma patada no Monte Hélicon, Pégaso faz jorrar a fonte em que bebem as Musas. (...) Quanto à cabeça cortada, Perseu não a abandona mas leva-a consigo, fechada num saco; quando os inimigos estão prestes a vencê-lo, basta que ele a mostre, erguendo-a pela cabeleira de serpentes, e este sangrento despojo torna-se arma invencível nas mãos do herói: uma arma que ele só usa em casos extremos e só contra quem merecer o castigo de se transformar em estátua de si próprio.»
A relação entre Perseu e a Górgona é muito complexa: não acaba com a decapitação do monstro. Do sangue da Medusa nasce um cavalo alado, Pégaso; o peso da pedra pode-se converter no seu contrário; com uma patada no Monte Hélicon, Pégaso faz jorrar a fonte em que bebem as Musas. (...) Quanto à cabeça cortada, Perseu não a abandona mas leva-a consigo, fechada num saco; quando os inimigos estão prestes a vencê-lo, basta que ele a mostre, erguendo-a pela cabeleira de serpentes, e este sangrento despojo torna-se arma invencível nas mãos do herói: uma arma que ele só usa em casos extremos e só contra quem merecer o castigo de se transformar em estátua de si próprio.»
Italo Calvino, Seis propostas para o próximo milénio, Teorema, 1994,
( p. 18 e 19. )
( p. 18 e 19. )
Há dias assim. Há momentos assim. Em que não conseguimos escapar ao olhar petrificante de Medusa. Sofremos uma petrificação lenta, lenta ... e o mundo pesa. Isto deve ser destes dias frios!!! ;)
10 dezembro 2005
Há burros no Castelo ...
Está patente, no Castelo São Jorge, até 31 de Janeiro de 2006, a exposição "Hardware + Software = Burros" do fotógrafo italiano Oliviero Toscani. A exposição já esteve patente em Itália e em Santa Maria da Feira, no Imaginarius - Festival Internacional de Teatro de Rua.
Antigamente, o burro era um animal de grande ajuda para as gentes que trabalhavam no campo. De animal de carga para uns, para outros o único meio de transporte e para quase todos um auxílio imprescindível na amanha da terra. A vida muda. O mundo muda. Os mais velhos deixam de herança, aos mais novos, a terra onde toda a vida labutaram. Os mais novos ou partem para a cidade à procura de uma vida menos dura ou continuam a cuidar da terra, mas em vez dos burros, machos ou mulas, arranjam a maquinaria necessária para tais tarefas.
Onde havia animais, agora há máquinas. Tractores. Ceifeiras. Máquinas de apanha. Máquinas de semear ... Os currais transformam-se em barracões para albergar a parafernália agrícola. É o progresso, é a tecnologia a conquistar terreno em prol da produtividade. Melhor? Pior? Pelo menos o trabalho é menos duro ... mas os burros estão em vias extinção.
Não são só os burros que estão em vias de extinção. Com os burros extingue-se também uma ideia de mundo rural, as carroças, carros de bois, alforges, as vindimas e o pisar das uvas, o modo de trabalhar a terra, etc ... até o próprio ritmo de vida rural. As tradições já não são o que eram.
O homem criou a tecnologia. O homem adoptou a tecnologia. A tecnologia vicia o homem e as coisas simples perdem-se, esquecem-se. E os burros estão em vias de extinção.
Antigamente, o burro era um animal de grande ajuda para as gentes que trabalhavam no campo. De animal de carga para uns, para outros o único meio de transporte e para quase todos um auxílio imprescindível na amanha da terra. A vida muda. O mundo muda. Os mais velhos deixam de herança, aos mais novos, a terra onde toda a vida labutaram. Os mais novos ou partem para a cidade à procura de uma vida menos dura ou continuam a cuidar da terra, mas em vez dos burros, machos ou mulas, arranjam a maquinaria necessária para tais tarefas.
Onde havia animais, agora há máquinas. Tractores. Ceifeiras. Máquinas de apanha. Máquinas de semear ... Os currais transformam-se em barracões para albergar a parafernália agrícola. É o progresso, é a tecnologia a conquistar terreno em prol da produtividade. Melhor? Pior? Pelo menos o trabalho é menos duro ... mas os burros estão em vias extinção.
Não são só os burros que estão em vias de extinção. Com os burros extingue-se também uma ideia de mundo rural, as carroças, carros de bois, alforges, as vindimas e o pisar das uvas, o modo de trabalhar a terra, etc ... até o próprio ritmo de vida rural. As tradições já não são o que eram.
O homem criou a tecnologia. O homem adoptou a tecnologia. A tecnologia vicia o homem e as coisas simples perdem-se, esquecem-se. E os burros estão em vias de extinção.
08 dezembro 2005
Dezembro, mês do Natal ...
Dezembro é dos meses mais especiais do ano. Há outra vida nas ruas, outro colorido, as montras enfeitam-se para conquistar a vontade consumista dos transeuntes.
O Natal é das épocas mais bonitas do ano. As ruas enchem-se de motivos natalícios, com luzes e cor. As nossas casas ganham o presépio, a árvore de natal e muitas luzes a piscar.
Apesar de ser uma época de excessos, o importante é que cada um de nós não perca a magia. Haja alegria e muitos presentes! ;)
O Natal é das épocas mais bonitas do ano. As ruas enchem-se de motivos natalícios, com luzes e cor. As nossas casas ganham o presépio, a árvore de natal e muitas luzes a piscar.
Apesar de ser uma época de excessos, o importante é que cada um de nós não perca a magia. Haja alegria e muitos presentes! ;)
06 dezembro 2005
A arte de ser feliz
Houve um tempo em que minha janela se abria sobre uma cidade que parecia ser feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde, e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes encontro nuvens espessas. Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar. Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega. Às vezes, um galo canta. Às vezes, um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.
Cecília Meireles
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde, e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes encontro nuvens espessas. Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar. Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega. Às vezes, um galo canta. Às vezes, um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.
Cecília Meireles
05 dezembro 2005
Chocolate Quente d' Laranja com Canela
O aroma delicado da canela e da laranja misturados num delicioso chocolate quente de Inverno.
Ingredientes:
- 4 colheres de sopa cheias de leite em pó
- raspas de casca de laranja
- canela em pau a gosto
- 1 tablete de chocolate meio amargo (200g)
Preparação:
Dissolva o leite em pó em meio litro de água e leve a aquecer, acrescentando as raspas de laranja e a canela em pau.
Quando o leite estiver bem quente, antes do ponto de fervura, retire do fogão e passe por uma peneira, para retirar as raspas de laranja e a canela.
Divida o chocolate em quadradinhos e coloque 4 quadradinhos por cada chávena de chá.
Despeje o leite quente e mexa até que o chocolate derreta e se dissolva no leite.
Sirva quente.
Enviado por G.
P.S. Já agora, o nome Laranja Com Canela é inspirado numa sobremesa marroquina.
Ingredientes:
- 4 colheres de sopa cheias de leite em pó
- raspas de casca de laranja
- canela em pau a gosto
- 1 tablete de chocolate meio amargo (200g)
Preparação:
Dissolva o leite em pó em meio litro de água e leve a aquecer, acrescentando as raspas de laranja e a canela em pau.
Quando o leite estiver bem quente, antes do ponto de fervura, retire do fogão e passe por uma peneira, para retirar as raspas de laranja e a canela.
Divida o chocolate em quadradinhos e coloque 4 quadradinhos por cada chávena de chá.
Despeje o leite quente e mexa até que o chocolate derreta e se dissolva no leite.
Sirva quente.
Enviado por G.
P.S. Já agora, o nome Laranja Com Canela é inspirado numa sobremesa marroquina.
04 dezembro 2005
01 dezembro 2005
29 novembro 2005
28 novembro 2005
Crucifixos nas escolas ...
No seguimento dos comentários, "E um estado laico não pode permitir que continuem presentes símbolos de uma única religião nos seus estabelecimentos de ensino.", ao post "Crucifixos nas escolas" do Farol das Artes, aproveito para perguntar: quer-se dizer que no caso hipotético de estarem presentes símbolos de todas as religiões já não haverá problemas? Do género "tudo ou nada"?
Ou será preferível uma postura de neutralidade absoluta, advogando a remoção de todos e quaisquer símbolos religiosos? E quando deixar de ser apenas uma questão de símbolos materiais? E quando a questão passar para os conteúdos leccionados? O que fazer?
Por último, não deverá uma escola adequar-se e respeitar (nos símbolos, conteúdos, etc.) a comunidade em que se insere? Isto tudo para chegar à pergunta: como e quem é que deve definir os limites?
Apesar de me inclinar mais para a não existência de símbolos religiosos nos estabelecimentos de ensino público (estatais), ainda não consegui chegar a uma conclusão definitiva.
Ou será preferível uma postura de neutralidade absoluta, advogando a remoção de todos e quaisquer símbolos religiosos? E quando deixar de ser apenas uma questão de símbolos materiais? E quando a questão passar para os conteúdos leccionados? O que fazer?
Por último, não deverá uma escola adequar-se e respeitar (nos símbolos, conteúdos, etc.) a comunidade em que se insere? Isto tudo para chegar à pergunta: como e quem é que deve definir os limites?
Apesar de me inclinar mais para a não existência de símbolos religiosos nos estabelecimentos de ensino público (estatais), ainda não consegui chegar a uma conclusão definitiva.
27 novembro 2005
Guerra dos Mundos ...
A Guerra dos Mundos é um filme de Steven Spielberg, baseado na obra de H.G. Wells, com o mesmo nome, de 1898. War of the Worlds possui uma outra versão cinematográfica, realizada em 1953, por Byron Haskin.
A par de uma ameaça extraterrestre, que pretende destruir a espécie humana e o planeta tal qual o conhecemos, desenrola-se a história de uma família. Ray Ferrier (Tom Cruise), divorciado e pai de dois filhos, Robbie (Justin Chatwin) e Rachel (Dakota Fanning). As relações entre eles não são as melhores. Ray é nitidamente um pai ausente, que sabe muito pouco dos seus filhos.
A acção começa quando a mãe, Mary Ann (Miranda Otto) e o seu actual marido, deixam os filhos com Ray e dirigem-se para Boston, onde vão passar o fim-de-semana. Entretanto, a cidade é abalada por sinais de uma forte tempestade e começa uma sucessão de assustadores relâmpagos. A calma aparente da cidade é interrompida por máquinas, que irropem do solo, e que começam a matar os humanos e restantes seres vivos, ou a reduzi-los a pó com um raio fulminante (deixando as roupas intactas) ou num processo mais elaborado, capturando-os e tirando-lhes o sangue.
A principal questão do filme centra-se no sentimento de impotência por parte dos humanos em alterar o rumo das coisas, nomeadamente face a uma ameaça externa. O comportamento dos extraterrestre é análogo ao comportamento dos humanos para com as outras espécies e muitas vezes com a sua própria espécie. Muitos são os livros e filmes que nos colocam perante a possibilidade de uma ameaça extraterrestre. Enquanto espécie não nos imaginamos submissos a outra espécie. Parece que temos receio que nos façam aquilo que fazemos aos "outros"!?
Outro aspecto interessante, presente no filme, é o da natureza humana. Em situações de crise e de sobrevivência somos capazes do melhor e do pior. Ray acaba por descobrir os seus filhos. Aquilo que eles fazem, do que gostam e que problemas têm. Os filhos começam a admirar o pai, deixando de ser alguém com quem passavam uns dias de tempos a tempos, para sentirmos que a partir desta provação, passa a ser uma referência. O pior, revela-se quando menos esperamos, numa situação de crise todos somos potenciais assassinos. Para proteger a nossa vida e dos outros de quem gostamos, também somos capazes de acções moralmente reprováveis. Em desespero de causa, quando, por exemplo, no filme, a multidão luta e mata pela posse do único carro em funcionamento. Ou em situações racionalizadas até ao limite, onde matar o outro é o "único" caminho possível para assegurar a sobrevivência, neste caso de Ray e da filha.
O filme chama ainda a nossa atenção para a dependência que a espécie humana tem em relação à tecnologia: energia eléctrica, telemóveis, carros, etc. ... Estamos tão dependentes de determinados objectos que já é difícil pensar a nossa vida sem eles. Já pensaram o que seria se, por exemplo, durante um mês seguido não houvesse telemóveis (e acesso à Internet ;) )!?
A par de uma ameaça extraterrestre, que pretende destruir a espécie humana e o planeta tal qual o conhecemos, desenrola-se a história de uma família. Ray Ferrier (Tom Cruise), divorciado e pai de dois filhos, Robbie (Justin Chatwin) e Rachel (Dakota Fanning). As relações entre eles não são as melhores. Ray é nitidamente um pai ausente, que sabe muito pouco dos seus filhos.
A acção começa quando a mãe, Mary Ann (Miranda Otto) e o seu actual marido, deixam os filhos com Ray e dirigem-se para Boston, onde vão passar o fim-de-semana. Entretanto, a cidade é abalada por sinais de uma forte tempestade e começa uma sucessão de assustadores relâmpagos. A calma aparente da cidade é interrompida por máquinas, que irropem do solo, e que começam a matar os humanos e restantes seres vivos, ou a reduzi-los a pó com um raio fulminante (deixando as roupas intactas) ou num processo mais elaborado, capturando-os e tirando-lhes o sangue.
A principal questão do filme centra-se no sentimento de impotência por parte dos humanos em alterar o rumo das coisas, nomeadamente face a uma ameaça externa. O comportamento dos extraterrestre é análogo ao comportamento dos humanos para com as outras espécies e muitas vezes com a sua própria espécie. Muitos são os livros e filmes que nos colocam perante a possibilidade de uma ameaça extraterrestre. Enquanto espécie não nos imaginamos submissos a outra espécie. Parece que temos receio que nos façam aquilo que fazemos aos "outros"!?
Outro aspecto interessante, presente no filme, é o da natureza humana. Em situações de crise e de sobrevivência somos capazes do melhor e do pior. Ray acaba por descobrir os seus filhos. Aquilo que eles fazem, do que gostam e que problemas têm. Os filhos começam a admirar o pai, deixando de ser alguém com quem passavam uns dias de tempos a tempos, para sentirmos que a partir desta provação, passa a ser uma referência. O pior, revela-se quando menos esperamos, numa situação de crise todos somos potenciais assassinos. Para proteger a nossa vida e dos outros de quem gostamos, também somos capazes de acções moralmente reprováveis. Em desespero de causa, quando, por exemplo, no filme, a multidão luta e mata pela posse do único carro em funcionamento. Ou em situações racionalizadas até ao limite, onde matar o outro é o "único" caminho possível para assegurar a sobrevivência, neste caso de Ray e da filha.
O filme chama ainda a nossa atenção para a dependência que a espécie humana tem em relação à tecnologia: energia eléctrica, telemóveis, carros, etc. ... Estamos tão dependentes de determinados objectos que já é difícil pensar a nossa vida sem eles. Já pensaram o que seria se, por exemplo, durante um mês seguido não houvesse telemóveis (e acesso à Internet ;) )!?
26 novembro 2005
Lisboa pela manhã ...
Chove, faz sol e frio, mas Lisboa mantém sempre o mesmo encanto, a mesma luz. Gosto desta cidade.
24 novembro 2005
As aulas de substituição ... (III)
Mas tanto barulho acerca das aulas de substituição, porquê?
Não se quer compreender que os alunos, sendo a razão de ser da escola, têm o direito de lhes satisfazer o contrato (implícito) de assistir às aulas?
Não se quer perceber que este assunto já foi resolvido em muitas escolas (públicas e privadas) tanto cá em Portugal como lá fora?
Porquê tanta falta de vontade para resolver um problema, que é acima de tudo, de carácter organizativo? Haverá assim tanta falta de vontade para se organizar escalas e materiais pedagógicos para quando um professor falta?
Porque é que não se aproveita um evento de carácter excepcional (a falta de um professor) para criar uma oportunidade de orientar e fornecer aos alunos saberes e competências complementares, na mesma área científica ou não (consoante o grupo pedagógico do professor substituto), utilizando materiais previamente elaborados por professores dessa mesma escola? Ou vamos reduzir a profissão ao picar do ponto e dar aulas (em série)?
[ Posts relacionados: Aulas de substituição I e II ]
Não se quer compreender que os alunos, sendo a razão de ser da escola, têm o direito de lhes satisfazer o contrato (implícito) de assistir às aulas?
Não se quer perceber que este assunto já foi resolvido em muitas escolas (públicas e privadas) tanto cá em Portugal como lá fora?
Porquê tanta falta de vontade para resolver um problema, que é acima de tudo, de carácter organizativo? Haverá assim tanta falta de vontade para se organizar escalas e materiais pedagógicos para quando um professor falta?
Porque é que não se aproveita um evento de carácter excepcional (a falta de um professor) para criar uma oportunidade de orientar e fornecer aos alunos saberes e competências complementares, na mesma área científica ou não (consoante o grupo pedagógico do professor substituto), utilizando materiais previamente elaborados por professores dessa mesma escola? Ou vamos reduzir a profissão ao picar do ponto e dar aulas (em série)?
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22 novembro 2005
Dias Exemplares de Michael Cunningham
Michael Cunningham, escritor norte-americano, esteve hoje no El Corte Inglés, em Lisboa, para o lançamento do seu último livro "Dias Exemplares", publicado pela Gradiva. A apresentação esteve a cargo de Nuno Galopim.
O autor de "As horas", "Sangue do Meu Sangue" e "Uma Casa no Fim do Mundo" referiu que os seus leitores não terão de esperar mais sete anos até ao seu próximo romance. Para ele, a sua última obra é sempre a melhor. Referiu também a importância da tradução.
Segundo Nuno Galopim, "Dias Exemplares" é uma obra com três histórias sobre Nova Iorque: Nova Iorque da Revolução Industrial (Dentro da Máquina), Nova Iorque na actualidade, obsecada com o terrorismo (A Cruzada das Crianças) e Nova Iorque no futuro (Uma Espécie de Beleza).
As obras "As Horas" e "Uma Casa no Fim do Mundo" já foram adaptadas ao cinema.
O autor de "As horas", "Sangue do Meu Sangue" e "Uma Casa no Fim do Mundo" referiu que os seus leitores não terão de esperar mais sete anos até ao seu próximo romance. Para ele, a sua última obra é sempre a melhor. Referiu também a importância da tradução.
Segundo Nuno Galopim, "Dias Exemplares" é uma obra com três histórias sobre Nova Iorque: Nova Iorque da Revolução Industrial (Dentro da Máquina), Nova Iorque na actualidade, obsecada com o terrorismo (A Cruzada das Crianças) e Nova Iorque no futuro (Uma Espécie de Beleza).
As obras "As Horas" e "Uma Casa no Fim do Mundo" já foram adaptadas ao cinema.
Na Tempestade ... conto filosófico
«Nasreddin Hodjâ, como tantos «loucos» ou pobres de espírito, caracteriza-se muitas vezes por um comportamento inesperado que parece ilógico, insensato.
Assim, vemo-lo sentado na parte de trás de uma piroga que atravessa conforme pode um braço de mar. À sua frente, dois homens remam vigorosamente. Nasreddin nada faz.
De súbito, levanta-se uma tempestade. Revela-se violenta. Perigosas vagas sacodem a piroga. Os dois remadores esgotam-se a lutar contra o mar, que a cada instante ameaça engolir o frágil esquife.
Voltam-se para deitar uma olhadela a Nasreddin e vêem-no, muito estranhamente, a tirar água do mar e a deitá-la dentro da piroga. Espantados, gritam:
- Que fazes? Estás louco? É o contrário o que é preciso fazer! Porque metes água dentro da piroga?
- A minha mãe - responde Nasreddin - sempre me disse que é preciso estar do lado dos mais fortes.»
Jean-Claude Carrière, Tertúlia de Mentirosos, Contos Filosóficos do Mundo Inteiro, Teorema, 1999, P.330
Assim, vemo-lo sentado na parte de trás de uma piroga que atravessa conforme pode um braço de mar. À sua frente, dois homens remam vigorosamente. Nasreddin nada faz.
De súbito, levanta-se uma tempestade. Revela-se violenta. Perigosas vagas sacodem a piroga. Os dois remadores esgotam-se a lutar contra o mar, que a cada instante ameaça engolir o frágil esquife.
Voltam-se para deitar uma olhadela a Nasreddin e vêem-no, muito estranhamente, a tirar água do mar e a deitá-la dentro da piroga. Espantados, gritam:
- Que fazes? Estás louco? É o contrário o que é preciso fazer! Porque metes água dentro da piroga?
- A minha mãe - responde Nasreddin - sempre me disse que é preciso estar do lado dos mais fortes.»
Jean-Claude Carrière, Tertúlia de Mentirosos, Contos Filosóficos do Mundo Inteiro, Teorema, 1999, P.330
21 novembro 2005
The Rest is Silence II
A obra The Rest is Silence II (2003) de Noé Sendas, está em exposição no Centro de Arte Moderna José Azeredo Perdigão, em Lisboa.
Num quarto escuro, encontramos sentados de costas com costas, duas figuras humanas com as mãos nos bolsos, postura curvada e os rostos ocultados. A separá-los apenas um espelho. Não se ouve nada. Apenas silêncio...
Perante esta imagem, aguardava a qualquer momento que houvesse movimento. Que uma das figuras levantasse a cabeça e que a outra, com a cabeça tapada, começasse a respirar. O silêncio é confrangedor. A postura das figuras e os rostos escondidos deixam-nos inquietos.
The Rest is Silence perturba, não nos deixa em silêncio ...
Num quarto escuro, encontramos sentados de costas com costas, duas figuras humanas com as mãos nos bolsos, postura curvada e os rostos ocultados. A separá-los apenas um espelho. Não se ouve nada. Apenas silêncio...
Perante esta imagem, aguardava a qualquer momento que houvesse movimento. Que uma das figuras levantasse a cabeça e que a outra, com a cabeça tapada, começasse a respirar. O silêncio é confrangedor. A postura das figuras e os rostos escondidos deixam-nos inquietos.
The Rest is Silence perturba, não nos deixa em silêncio ...
20 novembro 2005
Lisboa pela manhã ...
Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian, 09h43.
A chuva cai sem dar descanso a quem anda na rua. As árvores despem-se ao sabor do vento. Nestes dias, cinzentos e chuvosos, apetece correr para casa e passar o resto do dia enroscada no sofá. Como companhia o livro de Richard Zimler, Goa ou O Guardião da Aurora e muito chá, de preferência, quentinho ...
18 novembro 2005
As aulas de substituição ...
Considero que, por um lado, assistir às aulas é um dever de qualquer aluno, por outro lado, as aulas são um direito que os alunos têm, não só para aprenderem conteúdos, mas também como forma de aprenderem/corrigirem atitudes e/ou comportamentos. Portanto, as aulas de substituição fazem todo o sentido.
A questão que normalmente colocam é: fará sentido colocar um professor de filosofia a substituir um professor de matemática?
Para mim, esta questão não indica o principal problema do mau estar em relação às aulas de substituição. Mas mesmo assim, porque não. A aula de substituição é uma forma de manter o contrato de ensino/aprendizagem com o aluno. Agora, estas aulas exigem trabalho, esforço e coordenação por parte da escola e dos grupos disciplinares.
Os grupos disciplinares têm que produzir materiais para as aulas de subsituição. É certo que dá trabalho. Mas não é impossível.
Quando um professor já sabe antecipadamente que vai faltar, deverá deixar a aula de substituição preparada. Ou seja, se o professor de matemática vai faltar deverá deixar materiais preparados para a aula (ex: uma ficha de exercícios). Se assim for, o professor de filosofia terá que supervisionar e manter a disciplina na sala de aula. Isto levanta problemas? Porquê?
Quando não se têm materiais da disciplina do professor que falta, o professor que vai substituir deve usar as suas competências pedagógicas. Criar materiais próprios ou usar os disponibilizados pelo seu grupo disciplinar para estas aulas. Enfim, exercitar competências que promovam atitudes construtivas, disciplina de e no trabalho, com o intuito de promover comportamentos positivos.
O que é inadmissível é que haja alunos a terem em média 3 furos por semana, tal como revela um estudo publicado esta semana. Se os professores fossem obrigados a compensar as aulas em que faltaram, a conversa seria outra ... ;)
Os alunos não podem ser prejudicados pelo absentismo dos professores. Deveriam ser os primeiros a exigir ter aulas. É a sua formação que está em causa. E numa sociedade cada vez mais competitiva, só irão singrar os mais bem preparados.
Deveria ser prática comum, no final de cada trimestre, os encarregados de educação serem informados, juntamente com as notas dos seus educandos, do absentismo dos professores.
É curioso verificar que o problema do absentismo verifica-se, com esta dimensão, apenas no ensino público. Porque será?
A questão que normalmente colocam é: fará sentido colocar um professor de filosofia a substituir um professor de matemática?
Para mim, esta questão não indica o principal problema do mau estar em relação às aulas de substituição. Mas mesmo assim, porque não. A aula de substituição é uma forma de manter o contrato de ensino/aprendizagem com o aluno. Agora, estas aulas exigem trabalho, esforço e coordenação por parte da escola e dos grupos disciplinares.
Os grupos disciplinares têm que produzir materiais para as aulas de subsituição. É certo que dá trabalho. Mas não é impossível.
Quando um professor já sabe antecipadamente que vai faltar, deverá deixar a aula de substituição preparada. Ou seja, se o professor de matemática vai faltar deverá deixar materiais preparados para a aula (ex: uma ficha de exercícios). Se assim for, o professor de filosofia terá que supervisionar e manter a disciplina na sala de aula. Isto levanta problemas? Porquê?
Quando não se têm materiais da disciplina do professor que falta, o professor que vai substituir deve usar as suas competências pedagógicas. Criar materiais próprios ou usar os disponibilizados pelo seu grupo disciplinar para estas aulas. Enfim, exercitar competências que promovam atitudes construtivas, disciplina de e no trabalho, com o intuito de promover comportamentos positivos.
O que é inadmissível é que haja alunos a terem em média 3 furos por semana, tal como revela um estudo publicado esta semana. Se os professores fossem obrigados a compensar as aulas em que faltaram, a conversa seria outra ... ;)
Os alunos não podem ser prejudicados pelo absentismo dos professores. Deveriam ser os primeiros a exigir ter aulas. É a sua formação que está em causa. E numa sociedade cada vez mais competitiva, só irão singrar os mais bem preparados.
Deveria ser prática comum, no final de cada trimestre, os encarregados de educação serem informados, juntamente com as notas dos seus educandos, do absentismo dos professores.
É curioso verificar que o problema do absentismo verifica-se, com esta dimensão, apenas no ensino público. Porque será?
14 novembro 2005
Mais uma pequena grande causa ...
Simplesmente genial! :)
13 razões, algumas delas bastante divertidas, para mudar de browser em:
www.killbillsbrowser.com.
P.S.: Não aconselhável a pessoas com susceptibilidades à flor da pele.
P.S.S.: Detector de enviesamento ("bias") activado!
13 razões, algumas delas bastante divertidas, para mudar de browser em:
www.killbillsbrowser.com.
P.S.: Não aconselhável a pessoas com susceptibilidades à flor da pele.
P.S.S.: Detector de enviesamento ("bias") activado!
13 novembro 2005
10 novembro 2005
Colisão ...
Crash (Colisão) é um filme de Paul Haggis. Este filme reforça a ideia que qualquer pessoa é capaz do melhor e do pior. Todos temos preconceitos, independentemente de pensarmos que não.
Não considero o filme apenas um retrato da sociedade americana, penso que é o retrato de um pouco de todos nós e do mundo em que vivemos.
ADENDA [ Professor Pardal ]: Essa do retrato fiel é um pouco forte demais! Por razões comunicacionais e artísticas, acho que os preconceitos e estereótipos foram todos "amplificados" de maneira a que o filme funcionasse (melhor). De qualquer maneira, é um filme de cinco estrelas.
Já agora, uma provocação: Será possível viver sem preconceitos e estereótipos? ;)
Não considero o filme apenas um retrato da sociedade americana, penso que é o retrato de um pouco de todos nós e do mundo em que vivemos.
ADENDA [ Professor Pardal ]: Essa do retrato fiel é um pouco forte demais! Por razões comunicacionais e artísticas, acho que os preconceitos e estereótipos foram todos "amplificados" de maneira a que o filme funcionasse (melhor). De qualquer maneira, é um filme de cinco estrelas.
Já agora, uma provocação: Será possível viver sem preconceitos e estereótipos? ;)
07 novembro 2005
O lado bom da torrada ... conto filosófico
« Uma pergunta verdadeiramente incómoda foi um dia feita a um rabino, como nos conta uma das mais saborosas histórias judias.
É na verdade a história de um milagre. Certo dia, um homem deixou cair, por descuido, a sua torrada com manteiga e nesse dia, por extraordinário que pareça, não caiu sobre o lado que tinha a manteiga. Contrariamente a todos os hábitos, a todas as crenças, contrariamente ao que afirmam as Escrituras, a torrada caiu do lado do pão seco.
Tratava-se sem dúvida alguma de um milagre.
A notícia espalhou-se a toda a velocidade lá na terra, as pessoas juntavam-se e lançavam-se em profundas discussões. Por que razão, naquele dia, a torrada não teria caído do lado da manteiga?
Acorreram à sinagoga, falaram do assunto ao rabino que considerou a questão muito embaraçosa e pediu todo um dia e uma noite de reflexão e oração.
Era um homem com grande fama de sábio. Durante todo o dia e noite jejuou, reflectiu, orou e consultou os livros santos.
No dia seguinte, o rosto fatigado mas iluminado pela verdade, dirigiu-se à casa onde se tinha dado o pretenso milagre. Toda a cidade foi com ele. Pediu que o levassem junto do homem e disse-lhe:
- A solução é simples e vou dizer-ta. Não foi a torrada que caiu mal. Foste tu que barraste a manteiga do lado errado. »
Jean-Claude Carrière, Tertúlia de Mentirosos, Contos Filosóficos do Mundo Inteiro, Teorema, 1999, p.291
É na verdade a história de um milagre. Certo dia, um homem deixou cair, por descuido, a sua torrada com manteiga e nesse dia, por extraordinário que pareça, não caiu sobre o lado que tinha a manteiga. Contrariamente a todos os hábitos, a todas as crenças, contrariamente ao que afirmam as Escrituras, a torrada caiu do lado do pão seco.
Tratava-se sem dúvida alguma de um milagre.
A notícia espalhou-se a toda a velocidade lá na terra, as pessoas juntavam-se e lançavam-se em profundas discussões. Por que razão, naquele dia, a torrada não teria caído do lado da manteiga?
Acorreram à sinagoga, falaram do assunto ao rabino que considerou a questão muito embaraçosa e pediu todo um dia e uma noite de reflexão e oração.
Era um homem com grande fama de sábio. Durante todo o dia e noite jejuou, reflectiu, orou e consultou os livros santos.
No dia seguinte, o rosto fatigado mas iluminado pela verdade, dirigiu-se à casa onde se tinha dado o pretenso milagre. Toda a cidade foi com ele. Pediu que o levassem junto do homem e disse-lhe:
- A solução é simples e vou dizer-ta. Não foi a torrada que caiu mal. Foste tu que barraste a manteiga do lado errado. »
Jean-Claude Carrière, Tertúlia de Mentirosos, Contos Filosóficos do Mundo Inteiro, Teorema, 1999, p.291
06 novembro 2005
Lisboa pela manhã ...
05 novembro 2005
Nove Contos
Terminei esta semana a leitura do livro Nove Contos de J. D. Salinger, editado pela Difel. Esteve em análise, até 31 de Outubro, no Leitura Partilhada.
Os contos transportam-nos para um mundo cheio de personagens: Muriel, Seymour e Sybil (Um Dia Ideal para o Peixe-Banana); Mary Jane, Eloise e Ramona (Pai Torcido no Connecticut); Selena, Ginnie Mannox e o irmão de Selena (Pouco Antes da Guerra com os Ésquimós); John Gedsudski, Mary Hudson e o bando do Homem-Gargalhada (O Homem-Gargalhada), Boo Boo e Lionel (Em Baixo no Bote), Esmé, Charles e o soldado americano (Para Esmé - Com Amor e Sordidez); homem grisalho, rapariga e Arthur (Linda Boca e Verdes Meus Olhos); Bobby, M. Yoshoto e Madame Yoshoto e Jean Daumier Smith (A Fase Azul de Daumier-Smith) e Teddy, Booper e Nicholson.
Os contos escondem outros contos dentro do conto. A história de um conto conduz-nos a outras histórias que se interligam. O Homem-Gargalhada é o exemplo mais evidente.
Dos nove contos, o que mais gostei foi "A Fase Azul de Daumier-Smith". Pela inteligência de Jean, pelo ambiente da escola Les Amis de Vieux Maîtres, pelas personagens de M. Yoshoto e Madame Yoshoto, pelos desenhos/pinturas e pela freira Irma.
É um livro que vale a pena.
Os contos transportam-nos para um mundo cheio de personagens: Muriel, Seymour e Sybil (Um Dia Ideal para o Peixe-Banana); Mary Jane, Eloise e Ramona (Pai Torcido no Connecticut); Selena, Ginnie Mannox e o irmão de Selena (Pouco Antes da Guerra com os Ésquimós); John Gedsudski, Mary Hudson e o bando do Homem-Gargalhada (O Homem-Gargalhada), Boo Boo e Lionel (Em Baixo no Bote), Esmé, Charles e o soldado americano (Para Esmé - Com Amor e Sordidez); homem grisalho, rapariga e Arthur (Linda Boca e Verdes Meus Olhos); Bobby, M. Yoshoto e Madame Yoshoto e Jean Daumier Smith (A Fase Azul de Daumier-Smith) e Teddy, Booper e Nicholson.
Os contos escondem outros contos dentro do conto. A história de um conto conduz-nos a outras histórias que se interligam. O Homem-Gargalhada é o exemplo mais evidente.
Dos nove contos, o que mais gostei foi "A Fase Azul de Daumier-Smith". Pela inteligência de Jean, pelo ambiente da escola Les Amis de Vieux Maîtres, pelas personagens de M. Yoshoto e Madame Yoshoto, pelos desenhos/pinturas e pela freira Irma.
É um livro que vale a pena.
03 novembro 2005
A Marcha dos Pinguins
Ontem vi, na televisão, a apresentação do filme A Marcha dos Pinguins e fiquei com imensa curiosidade em ir ver este filme.
Realizado por Luc Jacquet, o filme é um documentário sobre a viagem que os pinguins-imperador realizam para acasalar.
Foi filmado em condições climatéricas adversas, mas o resultado final, pelas imagens que vi, pareceu-me belíssimo. Sensível. Com uma fotografia excepcional.
Realizado por Luc Jacquet, o filme é um documentário sobre a viagem que os pinguins-imperador realizam para acasalar.
Foi filmado em condições climatéricas adversas, mas o resultado final, pelas imagens que vi, pareceu-me belíssimo. Sensível. Com uma fotografia excepcional.
"A Marcha dos Pinguins" é um documentário filmado/contado em história de amor. A música é inspiradora.
A Marcha dos Pinguins
The Frozen World
Emilie Simon
Won't you open for me
The door to your ice world
To your white desert
I just want to stare
Out over these snowfields
Until we are one again
We belong to the frozen world
When the ice begins to thaw
Becomes the sea
Oh, you will see
How beautiful we can be
Everything is calm
At the end of the planet
In our white desert
The sun kissed the ice
It glistens for me
And we are one again
We belong to the frozen world
When the ice begins to thaw
Becomes the sea
Oh, you will see
How beautiful we can be
When the ice begins to thaw
Becomes the sea
Emilie Simon
Won't you open for me
The door to your ice world
To your white desert
I just want to stare
Out over these snowfields
Until we are one again
We belong to the frozen world
When the ice begins to thaw
Becomes the sea
Oh, you will see
How beautiful we can be
Everything is calm
At the end of the planet
In our white desert
The sun kissed the ice
It glistens for me
And we are one again
We belong to the frozen world
When the ice begins to thaw
Becomes the sea
Oh, you will see
How beautiful we can be
When the ice begins to thaw
Becomes the sea
Música para: Para contrariar o ambiente cor-de-rosa ...
5.01 AM (The Pros and Cons of Hitchhiking)
por Roger Waters
An angel on a Harley
Pulls across to greet a fellow rolling stone
Puts his bike up on it's stand
Leans back and then extends
A scarred and greasy hand...he said
How ya doin bro?...where ya been?...where ya goin'?
Then he takes your hand
In some strange Californian handshake
And breaks the bone
Have a nice day
A housewife from Encino
Whose husband's on the golf course
With his book of rules
Breaks and makes a 'U' and idles back
To take a second look at you
You flex your rod
Fish takes the hook
Sweet vodka and tobacco in her breath
Another number in your little black book
These are the pros and cons of hitchhiking
These are the pros and cons of hitchhiking
Oh babe, I must be dreaming
I'm standing on the leading edge
The Eastern seaboard spread before my eyes
"Jump" says Yoko Ono
"I'm too scared and too good looking" I cried
"Go on", she says
"Why don't you give it a try?
Why prolong the agony all men must die"
Do you remember Dick Tracy?
Do you remember Shane?
And mother wants you
Could you see him selling tickets
Where the buzzard circles over
Shane
The body on the plain
Did you understand the music Yoko
Or was it all in vain?
Shane
The bitch said something mystical "Herro"
So I stepped back on the kerb again
These are the pros and cons of hitchhiking
These are the pros and cons of hitchhiking
Oh babe, I must be dreaming again
These are the pros and cons of hitchhiking
por Roger Waters
An angel on a Harley
Pulls across to greet a fellow rolling stone
Puts his bike up on it's stand
Leans back and then extends
A scarred and greasy hand...he said
How ya doin bro?...where ya been?...where ya goin'?
Then he takes your hand
In some strange Californian handshake
And breaks the bone
Have a nice day
A housewife from Encino
Whose husband's on the golf course
With his book of rules
Breaks and makes a 'U' and idles back
To take a second look at you
You flex your rod
Fish takes the hook
Sweet vodka and tobacco in her breath
Another number in your little black book
These are the pros and cons of hitchhiking
These are the pros and cons of hitchhiking
Oh babe, I must be dreaming
I'm standing on the leading edge
The Eastern seaboard spread before my eyes
"Jump" says Yoko Ono
"I'm too scared and too good looking" I cried
"Go on", she says
"Why don't you give it a try?
Why prolong the agony all men must die"
Do you remember Dick Tracy?
Do you remember Shane?
And mother wants you
Could you see him selling tickets
Where the buzzard circles over
Shane
The body on the plain
Did you understand the music Yoko
Or was it all in vain?
Shane
The bitch said something mystical "Herro"
So I stepped back on the kerb again
These are the pros and cons of hitchhiking
These are the pros and cons of hitchhiking
Oh babe, I must be dreaming again
These are the pros and cons of hitchhiking
02 novembro 2005
Música para: Partir corações ...
Everlasting love
por Jamie Cullum
Hearts gone astray
Deep in her when they go
I went away
Just when you needed me so
You won't regret
I'll come back begging you
Won't you forget
Welcome love we once knew
Open up your eyes
Then you'll realize
Here I stand with my
Everlasting love
Need you by my side
Girl to be my pride
Never be denied
Everlasting love
Hearts gone astray
Deep in her when they go
I went away
Just when you needed me so
You won't regret
I'll come back begging you
Won't you forget
Welcome love we once knew
Open up your eyes
Then you'll realize
Here I stand with my
Everlasting love
Need you by my side
Girl to be my pride
Never be denied
Everlasting love
From the very start
Open up your heart
Feel that you're falling
Everlasting love
Need a love to last forever
Need a love to last forever
Need a love to last forever
Need a love to last forever
I Need a love to last forever
por Jamie Cullum
Hearts gone astray
Deep in her when they go
I went away
Just when you needed me so
You won't regret
I'll come back begging you
Won't you forget
Welcome love we once knew
Open up your eyes
Then you'll realize
Here I stand with my
Everlasting love
Need you by my side
Girl to be my pride
Never be denied
Everlasting love
Hearts gone astray
Deep in her when they go
I went away
Just when you needed me so
You won't regret
I'll come back begging you
Won't you forget
Welcome love we once knew
Open up your eyes
Then you'll realize
Here I stand with my
Everlasting love
Need you by my side
Girl to be my pride
Never be denied
Everlasting love
From the very start
Open up your heart
Feel that you're falling
Everlasting love
Need a love to last forever
Need a love to last forever
Need a love to last forever
Need a love to last forever
I Need a love to last forever
01 novembro 2005
Engano na pessoa ... conto filosófico
« Um pequeno comerciante judeu que se chamava Simão só tinha um objectivo: a riqueza. Poupava moeda a moeda, cortava na habitação, no vestuário, na alimentação, com extraordinária perseverança. Tudo lhe parecia demasiado belo, demasiado caro. Até o indispensável lhe parecia supérfluo. Levava uma vida miserável.
Ao cabo de uns trinta anos neste regime - isto tinha lugar no fim do século passado - Simão, tal como previra, ficou rico. Num instante mudou de vida: deixou de trabalhar, foi ao cabeleireiro, à manicura, comprou roupas de grande luxo nos melhores alfaiates de Paris e viajou até à Côte d´Azur.
No primeiro dia, em Nice, quando ia a sair de um grande hotel de sapatos impecáveis, calças justas, casaco novo no melhor tweed escocês, gravata, bengala, chapéu, e meteu pela Promenade des Anglais, chocou com ele violentamente uma tipóia.
O choque foi fatal. Simão jazia na calçada, mal respirando, desarticulado. Mirones compadecidos juntaram-se em redor do moribundo.
Nesse momento, marcado pela dor, os olhos cheios de lágrimas particularmente amargas, Simão ergueu o seu último olhar ao céu e disse:
- Porquê? Porque me deste a morte hoje?
Então, para grande espanto dos mirones, as nuvens entreabriram-se e ouviu-se a voz de Deus responder:
- Para te falar francamente, Simão, não te tinha reconhecido.»
Jean-Claude Carrièrre, Tertúlia de Mentirosos, Contos Filosóficos do Mundo Inteiro, Teorema, 1999, p.121
Ao cabo de uns trinta anos neste regime - isto tinha lugar no fim do século passado - Simão, tal como previra, ficou rico. Num instante mudou de vida: deixou de trabalhar, foi ao cabeleireiro, à manicura, comprou roupas de grande luxo nos melhores alfaiates de Paris e viajou até à Côte d´Azur.
No primeiro dia, em Nice, quando ia a sair de um grande hotel de sapatos impecáveis, calças justas, casaco novo no melhor tweed escocês, gravata, bengala, chapéu, e meteu pela Promenade des Anglais, chocou com ele violentamente uma tipóia.
O choque foi fatal. Simão jazia na calçada, mal respirando, desarticulado. Mirones compadecidos juntaram-se em redor do moribundo.
Nesse momento, marcado pela dor, os olhos cheios de lágrimas particularmente amargas, Simão ergueu o seu último olhar ao céu e disse:
- Porquê? Porque me deste a morte hoje?
Então, para grande espanto dos mirones, as nuvens entreabriram-se e ouviu-se a voz de Deus responder:
- Para te falar francamente, Simão, não te tinha reconhecido.»
Jean-Claude Carrièrre, Tertúlia de Mentirosos, Contos Filosóficos do Mundo Inteiro, Teorema, 1999, p.121
30 outubro 2005
Lisboa pela manhã ...
O Verão partiu e o Outono instala-se confiante. A chuva, espera-se, anuncia a vinda do tempo frio.
29 outubro 2005
Lisboa pela manhã ...
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