30 abril 2006

Veneza

Na vinda a Itália, hoje saímos de Bolonha. Passámos o dia em Veneza.
A cidade correspondeu às expectativas. Amanhã é Verona.

P.S. Foto do Tiago Xavier.

25 abril 2006

Hoje é dia 25 de Abril !



O que é que representa, para os jovens de hoje, o 25 de Abril? Liberdade? Democracia? Ou, é apenas mais um feriado?

Quando frequentei o secundário, na disciplina de história não houve tempo de dar essa parte da matéria...e agora, será que já há?

Estaremos a transmitir os ideais e valores da Revolução às novas gerações?

À volta da leitura da obra "1613" de Pedro Vasconcelos

Na caixa de comentários do post 1613, foi lançada uma questão muito pertinente. Por que é que não escolhemos como a nossa personagem favorita Nenu? Ela é uma mulher com ideias à frente do seu tempo, determinanda, é a partir dela que a acção do romance se desenvolve, mas por que é que não a escolhemos? Ou melhor, o que nos levou a escolher outras personagens em detrimento de Nenu?

Uma análise crítica do livro aqui.

24 abril 2006

As donas de casa desesperadas voltaram ...

Na nossa televisão ainda aparecem algumas séries que valem a pena. As Donas de Casa Desesperadas, A Senhora Presidente, Dr. House, são apenas alguns exemplos. Mas quem é que as consegue ver às horas que passam? Não percebo o critério de escolha destes horários. Para quem trabalha e tenha que se levantar cedo, não dá jeito nenhum.

17 abril 2006

1613

Na passada quarta-feira, emprestaram-me o livro 1613 de Pedro Vasconcelos. Sobre o autor tinha poucas referências, mas muita curiosidade por ouvir falar quem já leu o livro.

O romance começa com o julgamento de D. Manuel Álvares, em Goa. Sobre ele pesa a acusação injusta de ter entregue o Forte de Solor, nas Índias Orientais, aos holandeses.

D. Manuel tudo fez para lutar contra os holandeses e defender o forte. Com poucos homens e poucas munições recorreu à imaginação. Como estratégia usou água quente que lançou sobre os invasores, usou cabeças de aves trazidas e enfeitiçadas pelo curandeiro Molan, esfregou o barco, dos invasores, com uma pasta, feita a partir da planta Karlele, que dava muito comichão. Mas estas artimanhas não são suficientes para travar a força dos holandeses.

Ao lado de D. Manuel encontramos a princesa Nenu. Sobrinha do velho Gunnung, chefe de uma aldeia indígena, que não vê com bons olhos o relacionamento da sobrinha com o português.

D. Luís de Abreu, homem de poucas palavras, foi em tempos um jogador compulsivo a que a necessidade obrigou a enveredar pela carreira militar. É o braço direito de D. Manuel no forte.

Entre os holandeses encontramos o comandante Appolonius Scotte, o almirante Van de Velde, homem cruel e ambicioso, e Peter Cornellius, um verdadeiro esgrimista. Peter, encontra em D. Manuel um adversário à altura, não pela arte de manejar a espada, mas pela criatividade de resolver os confrontos.

Nenu tenta ajudar D. Manuel e pede ajuda ao feiticeiro Buan, pois não cumpriu a promessa que tinha feito ao curandeiro Molan. Depois de cumprir a missão que o feiticeiro Buan exigiu, esta é raptada pelos holandeses.

D. Luís depois de ferido procura suicidar-se no mar. Mas Nenu, consegue fugir e encontra ainda vivo D. Luís, que irá ter um destino fora do comum e fundamental no desenrolar da história.

D. Manuel perde a sua amada e foge, ajudado pelo Frei Belchior. Homem religioso, consciente da importância das outras religiões e um fervoroso leitor.

Ajudado pelo padre Jaime, um grande bibliófilo e fabricante de venenos, D. Manuel procura falar com o vice-rei. Este com o intuito de mostrar o seu poder e de ouvidos cheios, por um soldado que fugiu de Solor e que acusou D. Manuel de pactuar com os holandeses, manda-o prender.

Em Goa, D. Manuel viu-se em grandes trabalhos. Preso e acusado. Sem dinheiro, longe da sua amada Nenu e ainda o compromisso de se tornar um «casado de Goa». Mas nem tudo está perdido. Há forças superiores à vontade dos homens. Nenu e Frei Belchior irão ajudar ...

"1613" é um romance cheio de surpresas. Muita acção e aventura através do reencontro de dois amantes numa viagem de culturas, diferenças religiosas, conventos, livros, feitiçaria, poderes ocultos e a fuga à Inquisição.

Das personagens, simpatizo particularmente com Frei Belchior. Um homem inteligente, astuto e culto.

"1613" é o primeiro romance de Pedro Vasconcelos. Gostei da escrita, da dinâmica do romance, da criatividade, das referências às diferentes armas e às línguas locais.

A nossa história é tão grandiosa. "Dêmos novos mundo ao mundo", temos figuras ímpares, de certo com tanto para se dizer sobre elas, e temos tão poucos romances sobre os nossos feitos. Espero que "1613" seja apenas o começo para que o romance histórico português ganhe alento.

Pedro Tochas ...

No sábado passado, entrei para o Teatro da Trindade, às 23:59. Fui ver o espectáculo Maiores de 18 de Pedro Tochas. O espectáculo tem sensivelmente a duração de 01h30, mas saí do teatro depois das 3 da manhã.

Comecei a reparar no Pedro Tochas, depois de ver os anúncios da Frize e do popular "tou que nem posso". Cheguei a ir ao site da frize para ver os outros anúncios que não passaram na televisão. Mas fui ver este espectáculo por sugestão de um familiar.

Pedro Tochas fez-nos rir do princípio ao fim do espectáculo. Com um humor "non sense", inteligente e sem palavrões.

O espectáculo passou pelo Tsunami, pelo terramoto 1755 e o que fazer durante um terramoto, a ajuda a Timor, as preferências das mulheres através das respostas a perguntas da forma verdade/mentira, os velhos, as viagens, a Páscoa e, obviamente, o sexo. Apesar de o espectáculo seguir uma estrutura, houve muito, muito improviso.

No fim do espectáculo, Pedro Tochas respondeu às perguntas da assistência.

Pela inteligência do humor, pelo sentido de observação, pela expressividade, o Pedro Tochas ganhou mais dois fãs cá em casa.

13 abril 2006

Reparem no azul do céu

Estátua e Mosteiro de S. Vicente de Fora
Largo das Portas do Sol, Lisboa, 13 de Abril de 2006, às 15h18.

09 abril 2006

A minha relação com os livros e a leitura

Quando leio um livro gosto de o sublinhar ou escrever comentários/notas. Faço-o de preferência com lapiseira ou lápis, nunca a caneta.

Leio sempre com um bloco de notas ao lado ou com um marcador de livros que me permita tirar apontamentos.

Não gosto de marcar os livros com marcadores florescentes, sinto que violento o livro. Já não tenho o mesmo sentimento quando se trata de fotocópias.

Em tempos, cheguei a forrar os livros para que a capa não se estragasse mas, já não tenho essa paciência. Para onde quer que vá, ando sempre com um livro e a capa vai sofrendo as consequências ... especialmente na praia.

Gosto de sentir os livros usados. Mas não estragados.

Tenho a mania de comprar livros e às vezes tenho pena de não conseguir que mais pessoas leiam os meus livros. Acontece muitas vezes, comprar um livro, lê-lo e arrumá-lo na estante. Os livros que mais vezes emprestei foram o "Equador" e "O Código Da Vinci", este último lido por quase todos os membros da família mais chegada.

Gosto que me emprestem e recomendem livros.

08 abril 2006

O cemitério dos livros esquecidos ...

Emprestaram-me este livro há já algum tempo. Mas só agora comecei. Do pouco que já li, fascinou-me a ideia de um Cemitério dos Livros Esquecidos. Acho fascinante.

Barcelona - 1945. Daniel vive com o pai. A mãe morreu quando tinha apenas 4 anos.

Um dia, o pai leva-o ao Cemitério dos Livros Esquecidos e diz-lhe:
«- Este lugar é um mistério, Daniel, um santuário. Cada livro, cada volume que vês, tem alma. A alma de quem o escreveu e a alma dos que o leram e viveram e sonharam com ele. Cada vez que um livro muda de mãos, cada vez que alguém desliza o olhar pelas suas páginas, o seu espírito cresce e torna-se forte. Há já muitos anos, quando o meu pai me trouxe pela primeira vez aqui, este lugar já era velho. Talvez tão velho como a própria cidade. Ninguém sabe de ciência certa desde quando existe, ou quem o criou. Dir-te-ei o que o meu pai me disse a mim. Quando uma biblioteca desaparece, quando uma livraria fecha as suas portas, quando um livro se perde no esquecimento, os que conhecemos este lugar, os guardiães, asseguramo-nos de que chegue aqui. Neste lugar, os livros de que já ninguém se lembra, os livros que se perderam no tempo, vivem para sempre, esperando chegar um dia às mãos de um novo leitor, de um novo espírito. Na loja nós vendemo-los e compramo-los, mas na realidade os livros não têm dono. Cada livro que aqui vês foi o melhor amigo de alguém. (...)»

Carlos Ruiz Zafón, A Sombra do Vento, Dom Quixote, P. 13

03 abril 2006

Flores do campo

A Primavera ... é das estações do ano mais bonitas. Existe uma alegria na terra, nas árvores e nas flores que nos contagia.

01 abril 2006

O espelho chinês

«Um espelho é muitas vezes acessório de sonho.

Um lavrador chinês foi à cidade vender o seu arroz. A mulher pediu-lhe:
- Se fazes favor, traz-me um pente.

Na cidade vendeu o seu arroz e foi beber com amigos. No momento de partir, lembrou-se da mulher. Tinha-lhe pedido qualquer coisa, mas o quê? Impossível recordar-se. Comprou um espelho numa loja para senhoras e voltou para a aldeia.

Deu o espelho à mulher e saiu de casa para ir para o campo. A mulher viu-se ao espelho e pôs-se a chorar. A sua mãe, que a viu chorar, perguntou-lhe a razão daquelas lágrimas.

A mulher estendeu-lhe o espelho, dizendo:
- O meu marido reduziu-me a Segunda Esposa.

A mãe pegou por sua vez no espelho, olhou-o e disse à filha:
- Não tens que te inquietar, ela é já muito velha.»


Jean-Claude Carrière, Tertúlia de Mentirosos, Contos Filosóficos do Mundo Inteiro, Teorema, 1999, p. 72 e 73.