25 fevereiro 2006

Hábitos estranhos ...

A Cristina, do Farol das Artes passou-me o desafio de enumerar cinco hábitos estranhos. Os meus são:
  1. Quando bebo café deixo sempre um restinho na chávena;
  2. Falo sozinha, especialmente na casa de banho em frente ao espelho;
  3. Qualquer motivo é sempre um bom motivo para ir às compras ou organizar uma almoçarada com os amigos;
  4. Quando bebo café, chá, etc, guardo os pacotes de açúcar;
  5. Só escrevo com canetas de bico fino;
  6. Tenho o hábito de fazer listas com os livros que li, outros que quero comprar e ler, com peças de teatro e filmes que vi, exposições, etc ...

Passo este desafio a:
P.S. Tal como a Henriqueta, também tenho dificuldade em seguir regras (mais um estranho hábito ;) ). Vou passar o desafio a mais de cinco bloggers.

Regulamento do jogo:
"Cada bloguista participante tem de enumerar cinco manias suas, hábitos muito pessoais que os diferenciem do comum dos mortais. E além de dar ao público conhecimento dessas particularidades, tem de escolher cinco outros bloguistas para entrarem, igualmente, no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blogues aviso do "recrutamento". Além disso, cada participante deve reproduzir este "regulamento" no seu blogue."

20 fevereiro 2006

Quem morre?

Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajectos,
quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor
ou não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.

Morre lentamente quem evita uma paixão,
quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os "is"
em detrimento de um redemoinho de emoções
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está
infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto
para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos
conselhos sensatos.

Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se
da sua má sorte ou da chuva incessante.

Morre lentamente, quem abandona um projecto antes de
iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre
que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples facto de respirar.

Pablo Neruda

[Poema encontrado aqui]

É bem verdade que estar vivo exige muito mais que a nossa respiração. É preciso acreditar, é preciso ter a coragem de ser diferente, e supreender os outros e nós mesmos. Morre lentamente quem não acredita em si e se fecha para o mundo...

Acredito que "nós só morremos quando morrer a última pessoa que nos conheceu". Li esta frase, há já uns anos, no livro "Se não sabe porque é que pergunta?", de João dos Santos, e continua a fazer muito sentido para mim.

A nossa mortalidade depende da natureza. No entanto, a nossa "imortalidade" depende de todos aqueles com quem interagimos e do modo como nos posicionamos perante as coisas.

O poema de Pablo Neruda deixa-nos a pensar sobre o modo como temos vivido. Incute-nos coragem para arriscar e não ter medo de perder.

19 fevereiro 2006

Syriana ou a luta pelo petróleo ...

Corrupção, interesses económicos, opções políticas favoráveis a esses interesses, luxo, influências, fanatismo religioso e imigração, são os ingredientes deste filme que nos mostra o que há muito já sabemos: vivemos excessivamente dependentes do petróleo. Enquanto assim for, os interesses económicos sobrepõem-se à escolha das melhores opções para um povo ou país. Mais sobre o filme aqui.

17 fevereiro 2006

Frida Kahlo, no CCB

De 24 de Fevereiro até 14 de Maio, exposição de obras de Frida Kahlo no CCB. Imperdível.

14 fevereiro 2006

O Inverno dá sinais de partida ...

O Degelo (1880)
Claude Monet

Sinto que o Inverno começa a partir e lembrei-me deste quadro de Monet. O quadro apresenta-nos um rio com o gelo a derreter. Transmite-nos solidão e tristeza como alguns dias de inverno.

Com Fevereiro, chegaram dias menos frios e um céu azul luminoso. Sente-se no ar a vinda da Primavera. Que venham dias de bom tempo!

13 fevereiro 2006

Lisboa pela manhã ...

Lisboa, Cerca Moura, 12 de Fevereiro de 2006 às 10h25.

Estes dias de céu azul e com sol, enchem-me a alma!

12 fevereiro 2006

Lisboa pela manhã ...

Lisboa, Esplanada da Graça, 12 de Fevereiro de 2006 às 10h07.

Lisboa pela manhã tem outro encanto. Gosto de sentir a cidade a despertar. Menos carros. Menos pessoas. Menos azáfama.

Gosto de observar o rio, os gatos, nos muros, a brincar ao sol, os pombos a debicar o pão que atiram das janelas, pessoas, em bancos de jardim, a ler o jornal, idosos, em grupo, a conversar e os risos das pessoas que passam...

10 fevereiro 2006

Othello, a cegueira do ciúme

Na quinta-feira, assisti, no teatro da Trindade, à peça Othello. O espectáculo teve início às 21h30 e terminou à 1 da manhã.

Como o próprio nome supõe, é uma peça de William Shakespeare, foi encenada por Joaquim Benite a partir da tradução de Yvette Centeno, e será, no próximo mês, um dos livros de leitura no Leitura Partilhada.

No trabalho de actores, destaco as interpretações do vilão Iago (excelente), da doce Desdémona (Joana Fartaria) e da sua fiel ama (mulher de Iago). Senti que a interpretação da personagem Othello não é constante, falta ali alguma coisa. Tem momentos muito bons e outros menos conseguidos. Desagrada-me, às vezes, a própria postura do actor.

O cenário está bem conseguido, no entanto, alguns adereços estão desajustados. O encenador optou por colocar a acção numa época próxima de nós, a Primeira Guerra Mundial. Gostei da adaptação do guarda-roupa feminino (à excepção da amante de Cássio), mas já não considero o masculino tão bem conseguido.

A peça tem momentos intensos e visualmente interessantes, que não nos deixam indiferentes.

09 fevereiro 2006

A chave perdida ...conto filosófico

«Uma das mais belas histórias ditas «de loucos» é também uma das mais antigas. A sua origem exacta é desconhecida. Contam-na na Índia e na Pérsia. Hoje, longos caminhos percorridos, tornou-se, no Ocidente, um número de palhaços.

Passa-se de noite, numa rua, perto de um candeeiro de iluminação pública (no circo, o candeeiro é substituído por um círculo de luz no solo). Está um homem baixado, o nariz perto do chão, e parece procurar qualquer coisa.

Passa outro homem que lhe pergunta:

- Que procuras?

- Procuro a minha chave.

- Perdeste a tua chave?

- Perdi.

- E perdeste-a aqui?

- Não.

- Então, se a perdeste noutro sítio, porque a procuras aqui?

- Porque aqui há luz.»

Jean-Claude Carrière, Tertúlia de Mentirosos, Contos Filosóficos do Mundo Inteiro, Teorema, 1999, p.324

03 fevereiro 2006

Shall never surrender II (© Blasfémias) ...

Quanto ao texto de Peter Singer, mencionado no post A Vendetta dos folhados de Salsicha V do sempre pertinente CineFilosofia, leva-me a questionar se não será preferível que os internautas chineses (no caso mencionado) tenham acesso parcial em vez de não ter, de todo, o acesso a certos conteúdos, independentemente de as empresas em questão estarem também (e fundamentalmente) a defender o seu interesse comercial?

É que se é (tem sempre sido) assim tão ténue a fronteira entre a facilidade/dificuldade de censura/liberdade de expressão, também é mesmo muito difícil censurar tudo. Ver por exemplo técnicas simples e novos "dialectos" para dar a volta ao problema. Se os sites em questão (Google, Yahoo, MSN, etc.) fossem bloqueados totalmente (por iniciativa do governo chinês) seria bem pior em termos de acesso a "conteúdos do exterior". Aqui está um exemplo de que o egoísmo de uns (gerar lucro) é o garante (parcial) do acesso à informação de terceiros que de outra maneira(s) seria muito (mais) difícil de obter.

Em relação ao "furor" do momento, não me repugna a intolerância nem de uns nem de outros. O que me deveras preocupa, é alguns tentarem censurar os outros, recorrendo não à argumentação e discussão de ideias, mas sim pela intimidação e violência. Acho que esta é uma boa razão para não tolerármos certos e determinados intolerantes!

Na minha opinião é aí que está o fulcro da questão!

Já agora, e correndo o risco de me desviar do assunto em questão, é com exemplos destes que vimos quem são as culturas/civilizações que se encontram em estágios mais avançados de desenvolvimento que outras. Mas isto é uma outra discussão ...

Those who desire to give up freedom in order to gain security, will not have, nor do they deserve, either one. -- Benjamin Franklin

Porque o essencial da questão é demasiado importante, não devemos virar a cara para o lado e assobiar como quem não quer a coisa.


sátira

do Lat. satira

s. f.,
composição poética que tem por objectivo censurar os erros e os vícios do seu tempo ou os defeitos de outrem;
censura jocosa;
crítica mordaz.


caricatura

do It. caricatura

s. f.,
representação burlesca de pessoas ou acontecimentos;
imitação cómica;
pessoa que se torna burlesca e ridícula pelos seus modos e pelo seu aspecto.


liberdade

do Lat. libertate

s. f.,
faculdade de uma pessoa poder dispor de si, fazendo ou deixando de fazer por seu livre arbítrio qualquer coisa;
gozo dos direitos do homem livre;
independência;
autonomia;
permissão;
ousadia;
(no pl. ) regalias;
(no pl. ) privilégios;
(no pl. ) imunidades.

- de consciência: direito de emitir opiniões religiosas e políticas que se julguem verdadeiras;
- de imprensa: direito concedido à publicação de algo sem necessidade de qualquer autorização ou censura prévia, mas sujeito à lei, em caso de abuso;
- individual: garantia que qualquer cidadão possui de não ser impedido de exercer e usufruir dos seus direitos, excepto em casos previstos por lei.


A verdade religiosa é absoluta e, logicamente, incompatível com a liberdade de imprensa.
(...)
O que espanta é a cobardia da Europa.
(...)
Até em Portugal, um certo Sheik Munir nos veio esclarecer sobre a verdadeira natureza da liberdade de expressão. De vergonha em vergonha, ainda acabamos com o nosso quinhão de virgens.
Xenofobia? Nossa ou deles?


por Vasco Pulido Valente in O Espectro.
( Os sublinhados são da minha responsabilidade )



Freedom of Speech

"(...) we shall never surrender (...)"

Shall never surrender (© Blasfémias) ...




01 fevereiro 2006

Leituras ...


Parto à descoberta de Italo Calvino através da obra "Se Numa Noite de Inverno Um Viajante". Sugestão do Leitura Partilhada.

Munique de Spielberg

Estreia amanhã, entre nós, o último filme de Steven Spielberg.
Aguardamos com expectativa.