15 outubro 2005

A Dama de Honor ...


"A Dama de Honor" é um filme do cineasta Claude Chabrol, a partir de um romance de Ruth Rendell. O filme conta-nos a história de Philippe, que vive com a mãe e com as irmãs (Sophie e Patrícia). Philippe dá-nos a sensação que sabe o que quer, bastante racional e responsável. É o homem da família, a quem a mãe muitas vezes pede ajuda, para que fale com a irmã mais nova (Patrícia), especialmente quando esta chega tarde a casa e dá sinais de que alguma coisa não está bem. É a ele que a irmã mais nova recorre quando quer dinheiro.

Sophie casa-se com Jacky. No dia do casamento, Philippe conhece Senta, que é uma das Damas de Honor e prima do noivo.

Philippe apaixona-se por Senta. Encontram-se. Amam-se. Mas, Senta começa a mostrar sinais de algum desequilíbrio, obsessão, que a Philippe parecem fruto de uma imaginação excessiva. Philippe deixa-se agarrar pela teia que Senta vai urdindo.

Senta é uma mulher sensual, misteriosa e inquietante. Com um passado, que nunca chegamos a saber se é verdadeiro ou não, que envolve Marrocos, haxixe, teatro, posar para fotos e bares de strip-tease. Uma personagem, da qual tudo se espera. Que nos deixa na expectativa. A mulher pecado. A casa onde vive, com evidentes sinais de degradação, sublinha o suspense. Senta, num enorme casarão que divide com a madrasta (que passa praticamente todo o filme a ensaiar para ir a concursos de tango), escolhe a cave.

A mensagem do filme, para mim, é que as pessoas por mais normais que aparentem ser, escondem sempre uma outra faceta. Philippe, no meio da racionalidade que aparenta, revela uma obsessão por uma estátua que guarda de um rosto feminino, que chega a beijar. O rosto da estátua assemelha-se ao de Senta. O que é ser normal? O que define a fronteira entre o que consideramos normal e o que foge da normalidadde?

A faceta pública das pessoas não é, nem pode ser a mesma em privado. O problema, é a fissura que se abre entre os papéis representados em público e em privado. Todas as famílias têm os seus segredos, os seus medos, as suas inquietações e a sua maneira de encarar os problemas.

Houve momentos, em que a personagem de Philippe me deixou inquieta, especialmente a sua passividade perante a loucura verbalizada por Senta.

O filme conduz-nos na expectativa de um outro final. Gostei das interpretações de Benoît Magimel (Philippe), que me lembro de A Pianista (porque será? ;)), e de Laura Smet (Senta).

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