22 novembro 2005

Na Tempestade ... conto filosófico

«Nasreddin Hodjâ, como tantos «loucos» ou pobres de espírito, caracteriza-se muitas vezes por um comportamento inesperado que parece ilógico, insensato.

Assim, vemo-lo sentado na parte de trás de uma piroga que atravessa conforme pode um braço de mar. À sua frente, dois homens remam vigorosamente. Nasreddin nada faz.

De súbito, levanta-se uma tempestade. Revela-se violenta. Perigosas vagas sacodem a piroga. Os dois remadores esgotam-se a lutar contra o mar, que a cada instante ameaça engolir o frágil esquife.

Voltam-se para deitar uma olhadela a Nasreddin e vêem-no, muito estranhamente, a tirar água do mar e a deitá-la dentro da piroga. Espantados, gritam:

- Que fazes? Estás louco? É o contrário o que é preciso fazer! Porque metes água dentro da piroga?

- A minha mãe - responde Nasreddin - sempre me disse que é preciso estar do lado dos mais fortes.»

Jean-Claude Carrière, Tertúlia de Mentirosos, Contos Filosóficos do Mundo Inteiro, Teorema, 1999, P.330

1 comentário:

Ricardo disse...

:) Este conto podia servir para várias analogias mas o o bjectivo é mesmo esse, ou seja, cada um fazer a analogia que lhe dá mais jeito.

Abraço,