Richard Zimler, no romance Meia-Noite ou O Princípio do Mundo (edições Gótica), desafia-nos a viajar de 1798 a 1925, atravessando três continentes: Europa, África e América.
Ao longo desta aventura somos conduzidos por John Stewart Zarco. Nascido no Porto, filho de um escocês (James Stewart) e de uma judia portuguesa (Maria Pereira Zarco). John é o narrador e começa por nos falar da sua infância, no Porto, e do seu amigo Daniel, da aventura no mercado das aves e da influência que Violeta terá na vida de ambos.
Intrigado com a palavra marrano, irá descobrir o judaísmo. «Tudo o que eu sabia de fonte segura era que Moisés era um profeta que tinha chifres na cabeça. (...) todos os judeus tinham tido estas protuberâncias há milhares de anos atrás, mas que tinham caído por falta de uso. (...) alguns membros antigos desta raça tinham mesmo possuído caudas peludas.» Depois de confirmar que não tinha "indícios de excrecências disformes denunciadoras" ficou mais descansado.
Importante é também, a influência de Meia-Noite na vida de John e da sua família. Meia-Noite chega ao Porto com James Stewart, vindos de África. Meia-Noite não teria mais de metro e meio e a sua pela era negra. John e a mãe recebem o boximane com desconforto. Mas, Meia-Noite com a sua sabedoria e bondade irá conquistar a amizade de ambos.
Depois de uma viagem a Inglaterra, James Stewart regressa sem Meia-Noite. Segundo o relato, Meia-Noite morreu. Este acontecimento marca profundamente a família e a verdade só virá muito mais tarde.
O reencontro com Violeta e a tentativa de corrigir uma acção injusta, levam-no a viajar para os Estados Unidos da América. Aí confronta-se com a escravatura e uma sociedade dividida entre brancos e negros. As grandes plantações de brancos. E os negros, escravos, seres humanos tratados sem dignidade e abusados na sua integridade.
Este romance mostra-nos, através da família de John, como vivia uma família de "cristãos-novos", em Portugal, em finais do século XVIII e princípio do século XIX. Supostamente, não havia judeus em Portugal, porque em 1497, os judeus converteram-se, depois de ameaçados de morte, e passaram a ser cristãos-novos. Não podiam professar livremente a sua fé e se o fizessem eram perseguidos, presos e até mortos. Vivia-se um sentimento desagradável, de mau estar em relação aos judeus.
Amizade, amor, traição, judaísmo e escravatura, são temas que fazem de "Meia-Noite ou o Princípio do Mundo" um livro a ler. É um importante contributo para saber quem somos e relembrar-nos das opções que tomámos ao longo da História. O preconceito, não é algo novo. Às vezes sinto, que demoramos, em demasia, a aprender as lições da nossa História. Precisamos de mais obras como esta.
Ao longo desta aventura somos conduzidos por John Stewart Zarco. Nascido no Porto, filho de um escocês (James Stewart) e de uma judia portuguesa (Maria Pereira Zarco). John é o narrador e começa por nos falar da sua infância, no Porto, e do seu amigo Daniel, da aventura no mercado das aves e da influência que Violeta terá na vida de ambos.
Intrigado com a palavra marrano, irá descobrir o judaísmo. «Tudo o que eu sabia de fonte segura era que Moisés era um profeta que tinha chifres na cabeça. (...) todos os judeus tinham tido estas protuberâncias há milhares de anos atrás, mas que tinham caído por falta de uso. (...) alguns membros antigos desta raça tinham mesmo possuído caudas peludas.» Depois de confirmar que não tinha "indícios de excrecências disformes denunciadoras" ficou mais descansado.
Importante é também, a influência de Meia-Noite na vida de John e da sua família. Meia-Noite chega ao Porto com James Stewart, vindos de África. Meia-Noite não teria mais de metro e meio e a sua pela era negra. John e a mãe recebem o boximane com desconforto. Mas, Meia-Noite com a sua sabedoria e bondade irá conquistar a amizade de ambos.
Depois de uma viagem a Inglaterra, James Stewart regressa sem Meia-Noite. Segundo o relato, Meia-Noite morreu. Este acontecimento marca profundamente a família e a verdade só virá muito mais tarde.
O reencontro com Violeta e a tentativa de corrigir uma acção injusta, levam-no a viajar para os Estados Unidos da América. Aí confronta-se com a escravatura e uma sociedade dividida entre brancos e negros. As grandes plantações de brancos. E os negros, escravos, seres humanos tratados sem dignidade e abusados na sua integridade.
Este romance mostra-nos, através da família de John, como vivia uma família de "cristãos-novos", em Portugal, em finais do século XVIII e princípio do século XIX. Supostamente, não havia judeus em Portugal, porque em 1497, os judeus converteram-se, depois de ameaçados de morte, e passaram a ser cristãos-novos. Não podiam professar livremente a sua fé e se o fizessem eram perseguidos, presos e até mortos. Vivia-se um sentimento desagradável, de mau estar em relação aos judeus.
Amizade, amor, traição, judaísmo e escravatura, são temas que fazem de "Meia-Noite ou o Princípio do Mundo" um livro a ler. É um importante contributo para saber quem somos e relembrar-nos das opções que tomámos ao longo da História. O preconceito, não é algo novo. Às vezes sinto, que demoramos, em demasia, a aprender as lições da nossa História. Precisamos de mais obras como esta.
2 comentários:
Já há algum tempo, assisti ao programa da Bárbara Guimarães na SIC Notícias, em que esteve o presente o autor e tinha ficado com curiosidade.
Deverá ser uma das minhas próximas leituras.
Leonel,penso que irá gostar de R. Zimler. Brevemente, irei ler Goa ou O Guardião da Aurora. Espero gostar também.
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