
Na passada quarta-feira, assisti à palestra "A globalização da cultura" pelo jornalista Hernâni Carvalho, no auditório do
INETE.
Na conversa, Hernâni Carvalho referiu que a globalização é a uniformização de todos pelos piores motivos. Que hoje em dia, ver um telejornal, em Portugal, França, Alemanha sobre, por exemplo, o Irão é exactamente a mesma coisa. O mundo Ocidental está a ficar formatado da mesma maneira.
Falou-nos da sua experiência em Timor. Considera que os jornalistas portugueses fizeram um bom trabalho no terreno, dando uma visão de todas as partes envolvidas. Criticou o modo como se tenta uniformizar as realidades, referindo que, na altura, encontrou uma professora portuguesa, em Timor, e que esta se sentia desiludida. Tinha que ensinar Português a partir de um livro que mostrava uma realidade que os meninos timorenses desconheciam. Tinha textos que referiam comboios, metro, neve, hamburgueres, etc...
Falou-nos da informação e da contra-informação, do modo como as agências internacionais controlam/dominam a "verdade" dos factos e como, muitas vezes, os jornalistas sofrem pressões na realização do seu trabalho. Cabe ao consumidor pensar e reflectir sobre o que lê nos jornais e vê na televisão. Apenas temos acesso a uma visão dos factos, que pode até nem ser a mais verosímil.
Confirmou que os excertos das notícias da Al Jazeera, são traduzidas do inglês para Português e que não há uma confrmação daquilo que é dito em árabe. A mim, isto diz-me muito daquilo que acontece no mundo da informação. E o que mais me aborrece é que, muitos de nós, consumimos tudo o que aparece na televisão como uma verdade absoluta.
Hernâni Carvalho, contou-nos algumas histórias da sua vida profissional, dos sustos enquanto jornalista de guerra, de algumas situações difícies, dos guias e da relação que se estabelece, e de algumas atitudes de solidariedade dos nossos jornalistas. Falou de um modo interessante e sem pretensiosismos. Adorámos.