26 outubro 2006

Lisboa em dias de chuva

Lisboa nos dias de chuva é uma autêntica confusão. O trânsito não flui. As filas são imensas. Os condutores apitam. Ficam impacientes enquanto o sinal muda e, estes, ficam no mesmo sítio.
As ruas enchem-se de água. Algumas ruas ganham autênticos lagos. As paragens de autocarros ficam apinhadas de gente. Em Lisboa, nos dias de chuva, não há condições!

25 outubro 2006

O Código Da Vinci

Já vi, finalmente, O Código Da Vinci. O livro li-o quando, no ano em que saiu, numa série de entrevistas que realizei, grande parte dos candidatos o estava a ler e as suas descrições suscitaram-me imensa curiosidade.

Não será uma obra de referência na literatura mundial, mas gostei desta leitura. A partir daí li todos os outros livros publicados pelo sr. Dan Brown. O Código Da Vinci e Anjos e Demónios, para mim, são os melhores, dentro do seu estilo de escrita.

Comparando o livro e o filme, na minha opinião, o realizador conseguiu reproduzir a intensidade e a velocidade dos sucessivos acontecimentos.

Em relação aos actores escolhidos, esperava ver no papel de Robert Langdon um actor mais sensual, mais charmoso, o Tom Hanks, que me desculpe, mas .... outro, que imaginei de modo diferente foi Leigh Teabing, esperava um actor mais gorducho. Muito bem escolhida foi Audrey Tautou para a personagem de Sophie. Achei que Jean-Yves Berteloot esteve muito bem no seu papel de polícia.

Bem, quem tal como eu não correu às salas de cinema, pode ver a partir de agora em DVD.

22 outubro 2006

Já li ...

Paralelo 75 ou O Segredo de um coração traído é uma obra assinada por José Araújo e Pedro Sousa Pereira, e publicada pela Oficina do Livro.

Nesta obra, acompanhamos o percurso e as memórias de Daniel, o Sr. Engenheiro, desde Lisboa até África.

Daniel proprietário de uma fazenda em África e ligado aos negócios do café regressa à Metrópole em 75, para trás deixa uma vida e um filho, que decidiu ficar.

Passados 30 anos e com uma doença terminal, o Sr. Engenheiro decide regressar à terra que ama, reencontrar o filho e fazer as pazes com o passado.

Chegado a África confronta-se com um mundo muito diferente. Sem redes eficazes de transportes públicos, muita pobreza, mas ao mesmo tempo com um mercado negro que lhe oferece filmes que acabaram de estrear nos EUA ou mísseis cruzeiro. Na realidade, tudo se consegue, mesmo num país que passa fome.

Com a ajuda de Carlos, o seu filho, o Sr Engenheiro consegue chegar à fazenda das Terras do Mundo Perdido e reencontrar Orelhas, o seu antigo capataz e amigo.

É junto deles e da terra que ama que vai desfiando um pouco do seu passado e do amor pela mulher que um dia o abandonou.

Quando comecei a ler o livro estava à espera de um pouco mais, especialmente em relação ao modo como os "retornados" foram recebidos. Esperava mais força narrativa.

O final do livro, com a descrição dos problemas de saúde do Sr. Engenheiro, deixa-nos um pouco incomodados, pois conseguimos acompanhar de muito perto todo o seu sofrimento

Excelentes ilustrações de Pedro Sousa Pereira, também elas ajudam a contar a história.

Paralelo 75, é uma história de amor, de amizade e de regresso a um mundo perdido. Fazer as pazes com a vida e aceitar a inevitabilidade da morte foi o que Daniel fez na terra onde outrora foi a sua fazenda. Como ele próprio dizia "um homem nasceu para morrer um dia".

20 outubro 2006

Pensa, Rosna, Estica, Corta

Novo jornal aqui. Promete.

The Alibi

"The Alibi" é um filme de Matt Checkowski e Kurt Mattila. É uma doce comédia de enganos e muitos álibis. Ray (Steve Coogan) dirige uma empresa que cria álibis para maridos e mulheres infiéis. Um dia, algo corre mal com um cliente, a sua vida complica-se e para resolver os seus problemas conta com a juda de Lola (Rebecca Romijn), por quem se acaba por apaixonar.

11 outubro 2006

Nightawks

Edward Hopper, Nightawks, 1942

Ao contemplar esta obra, o nosso olhar dirige-se para o interior do bar cheio de luz. As personagens despertam-nos um conjunto de dúvidas.

O quadro assemelha-se a uma cena de um filme, talvez de Bogart, ou talvez não. Parece que houve um corte e que a seguir a cena vai continuar ...

Vazio. Solidão. Aquelas personagens partilham o mesmo espaço e ao mesmo tempo estão sós. Não percebemos quem são. Parece que o Barman acabou de disser qualquer coisa, há um cruzar de olhares com o homem que está ao lado da senhora. Serão eles um casal? Ou uma conquista ocasional na noite? Parece que as mãos deles quase que se tocam. Acabarão por sair do bar juntos? Mas ao mesmo tempo, sentimos que estão à espera. Mas de quê? De quem? Porquê?

A mulher aparenta um desinteresse total com o que se está a passar à sua volta, o olhar está em algo que tem na mão. Há uma simulação de movimento. Enquanto que o homem tem um rosto frio, inexpressivo.

O Barman também simula movimento. Estará a preparar uma bebida? A lavar um copo? Curiosamente, nunca iremos saber.

Sentimos uma frieza, um vazio que que nos é dado pelos bancos do bar sem ninguém, a fachada de vidro, as janelas sem pessoas e a rua deserta. A loja despida, sem nada na montra, apenas percebemos que tem uma caixa registadora. Se, por um mero acaso, ali estivéssemos a andar, quase de certeza que ouviamos o barulho dos nossos passos ...

09 outubro 2006

Olissipo

Olissipo é um blogue para quem vive a cidade de Lisboa.

Volver

Ontem, depois de um encontro/passeio literário da parte da manhã, fui ver o último filme do realizador Pedro Almodóvar intitulado Voltar. Vi uma Penélope Cruz fantástica, cheia de energia, num filme que gira em torno de um conjunto de mulheres e dos seus problemas.

O que me agrada, sempre, nos filmes de alguns realizadores é contarem histórias aparentemente simples, de pessoas comuns, mas com quem temos tanto a aprender.

05 outubro 2006

The Pillow Man


The Pillow Man é um texto de Martin McDonagh e está em cena no Teatro Maria Matos.

Nesta peça, confrontamo-nos com um escritor, as suas histórias e o efeito destas. Histórias negras, brilhantes, com muito, muito humor.

Acompanhamos o desespero de um autor em vias de perder a sua obra. Esse desespero leva-o a assumir ou a precipitar-se na suas acções. Um irmão, deficiente (excelentemente interpretado por Marco D´Almeida) fascinado pelas histórias do irmão-escritor, afinal esconde muito mais coisas do que a princípio julgamos.

O cenário e o trabalho de actores está excelente.

Esta é a melhor peça que vi nos últimos tempos. Imperdível. Assim, vale a pena ir ao teatro!

02 outubro 2006

Há coisas que me fazem confusão ...

Os carros estacionarem em cima dos passeios.

Vindima

Mosto, descantes e um rumor de passos
Na terra recalcada dos vinhedos.
Um fermentar de forças e cansaços
Em altas confidências e segredos.

Laivos de sangue nos poentes baços.
Doçura quente em corações azedos.
E, sobretudo, pés, olhos e braços
Alegres como peças de brinquedos.

Fim de parto ou de vida, ninguém sabe
A medida precisa que lhe cabe
No tempo, na alegria e na tristeza.

Rasgam-se os véus do sonho e da desgraça.
Ergue-se em cheio a taça
À própria confusão da natureza.

Miguel Torga, Antologia Poética, D. Quixote

Janela de Lisboa

Graça, Lisboa 3 de Agosto de 2006