30 outubro 2005

Lisboa pela manhã ...

Jardim do Campo Grande, 09h55.

O Verão partiu e o Outono instala-se confiante. A chuva, espera-se, anuncia a vinda do tempo frio.

29 outubro 2005

Lisboa pela manhã ...

Miradouro da Graça, 10h50.

Nos dias de Outono, Lisboa tem outra luz. A cidade transforma-se. Deixando descobrir uma outra Lisboa.

28 outubro 2005

Parabéns à Rua da Judiaria

Ontem, dia 27, a Rua da Judiaria fez dois anos. É um dos sítios que visito diariamente, com a certeza de que irei aprender coisas novas.

Já houve dias, em que os pequenos contos foram uma fonte de inspiração! Obrigada. Um grande bem-haja para o Nuno Guerreiro.

Aqui fica uma singela homenagem através de e pelas Palavras:


You Are Welcome To Elsinore
de Mário Cesariny in Pena Capital

Entre nós e as palavras há metal fundente
entre nós e as palavras há hélices que andam
e podem dar-nos morte violar-nos tirar
do mais fundo de nós o mais útil segredo
entre nós e as palavras há perfis ardentes
espaços cheios de gente de costas
altas flores venenosas portas por abrir
e escadas e ponteiros e crianças sentadas
à espera do seu tempo e do seu precipício

Ao longo da muralha que habitamos
há palavras de vida há palavras de morte
há palavras imensas, que esperam por nós
e outras, frágeis, que deixaram de esperar
há palavras acesas como barcos
e há palavras homens, palavras que guardam
o seu segredo e a sua posição

Entre nós e as palavras, surdamente,
as mão e as paredes de Elsinore

E há palavras nocturnas palavras gemidos
palavras que nos sobem ilegíveis à boca
palavras diamantes palavras nunca escritas
palavras impossíveis de escrever
por não termos connosco cordas de violinos
nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar
e os braços dos amantes escrevem muito alto
muito além do azul onde oxidados morrem
palavras maternais só sombra só soluço
só espasmos só amor só solidão desfeita

Entre nós e as palavras, os emparedados
e entre nós e as palavras, o nosso dever falar.

26 outubro 2005

Actuação Escrita

Pode-se escrever

Pode-se escrever sem ortografia

Pode-se escrever sem sintaxe

Pode-se escrever sem português

Pode-se escrever numa língua sem saber essa língua

Pode-se escrever sem saber escrever

Pode-se pegar na caneta sem haver escrita

Pode-se pegar na escrita sem haver caneta

Pode-se pegar na caneta sem haver caneta

Pode-se escrever sem caneta

Pode-se sem caneta escrever caneta

Pode-se sem escrever escrever plume

Pode-se escrever sem escrever

Pode-se escrever sem sabermos nada

Pode-se escrever nada sem sabermos

Pode-se escrever sabermos sem nada

Pode-se escrever nada

Pode-se escrever com nada

Pode-se escrever sem nada

Pode-se não escrever.


de Pedro Oom
( Contraponto nº 2, Cadernos de Crítica e Arte, 1952 )

25 outubro 2005

Música para: Um dia de nostalgia ...

Rosa
por Rodrigo Leão


Hoje o céu está mais azul,
eu sinto...
Fecho os olhos.
Mesmo assim eu sinto...
O meu corpo estremeceu.
Não consigo adormecer.

Refrão:
Nem o tempo vai chegar
Para dizer o quanto eu sinto
Você longe de mim.
É uma espécie de dor...
Hoje o céu está mais azul
eu sinto...

Olho à volta
E mesmo assim eu sinto
Que este amor vai acabar
e a saudade vai voltar...

Refrão

Já não sei o que esperar
Dessa vida fugidia...
Não sei como explicar
Mas eu mesmo assim o amo.

24 outubro 2005

Figura de Velho ... ou as marcas da passagem do tempo

"Figura de Velho" de Rembrandt Harmensz van Rijn (1606-1669) é outro dos quadros que contemplo, sempre com agrado, cada vez que visito o Museu Calouste Gulbenkian.

Neste quadro, Rembrandt retrata a velhice e a condição de envelhecer. A velhice da pessoa retratada, da qual se desconhece a identidade, é-nos dada através da postura ligeiramente curvada, pelo rosto e pelas mãos.

Rembrandt utiliza jogos de luz entre o claro/escuro e o escuro/muito escuro. A luz incide, apenas, sobre o rosto e as mãos. O rosto, é sempre a parte mais exposta e mais nua ao olhar, com rugas, barba branca, olhar triste, solitário e impotente. As mãos, são a seguir ao rosto a grande expressão da velhice, seguram um pau que lhe serve de bengala. A "Figura de Velho" apresenta-se, sentado, com um manto sobre os ombros e um chapéu com uma pena. A doença, a dependência para com os outros e o desinteresse pelas coisas, são quase sempre consequências de irmos envelhecendo. Este quadro transmite-nos tudo isso, sobretudo pelo olhar.

A morte é uma certeza na vida de qualquer um. É essa certeza que nos torna humanos. Este quadro expressa, também, esse inexorável destino que a todos aguarda.

Sobre o quadro, José Gil na obra «Sem Título» - Escritos Sobre Arte e Artistas refere: «Há no retrato uma força mágica que equivale a um contacto real com o outro representado, uma espécie de acção que é, primeiro, um encontro, depois, um acontecimento, enfim, um atar de elos (que leva a diálogos interiores com a imagem). «Força mágica» não é uma metáfora, mas indica um efeito real da imagem do rosto: a força que desencadeia age realmente, vivifica, circula. É uma força de afecto. O retrato não nos fala apenas, no seu «quase falar»: insere-nos numa vasta rede colectiva de outras forças de afecto. Porque o retrato traz no olhar, na boca, nas rugas, nas infinitas pequenas percepções que dele emanam, um, dois, vários mundos. Um retrato é sempre uma multidão»

Há algo de inquietante, neste retrato, que nos faz reflectir sobre a nossa própria condição.

23 outubro 2005

Música para: Gajos impressionarem as suas gajas ...

The Blowers Daughter
por Damien Rice

And so it is
Just like you said it would be
Life goes easy on me
Most of the time
And so it is
The shorter story
No love, no glory
No hero in her sky

I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes...

And so it is
Just like you said it should be
We'll both forget the breeze
Most of the time
And so it is
The colder water
The blower's daughter
The pupil in denial

I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes...

Did I say that I loathe you?
Did I say that I want to
Leave it all behind?

I can't take my mind off of you
I can't take my mind off you
I can't take my mind off of you
I can't take my mind off you
I can't take my mind off you
I can't take my mind...
My mind...my mind...
'Til I find somebody new

20 outubro 2005

A mais bela mulher de Antuérpia ...

Há quadros que nos tocam. Dizem-nos algo. Aguçam-nos a curiosidade. Despertam sentimentos. O "Retrato de Helena Fourment", pintado por Peter Paul Rubens (1577 - 1640) e exposto no Museu Gulbenkian, em Lisboa, é um desses quadros.

O que me despertou a atenção foi a verticalidade e imponência de Helena, dada em comparação com a linha do horizonte. Esta figura elegante, magnífica, grandiosa, ocupa toda a tela. É uma presença que nos interpela. Olha para nós.

Entre Helena Fourment e Rubens existiu uma história de amor. E essa, é outra história que o quadro nos convida a descobrir. Depois da morte, aos 34 anos, da sua primeira mulher (Isabel Brandt), Rubens casa, em 1630, com Helena Fourment de 16 anos, filha mais nova de Daniel Fourment, comerciante de sedas e tapeçarias. Tiveram 5 filhos (o quinto nasceu oito meses após a morte de Rubens).

Helena Fourment trouxe uma nova dimensão à vida e pintura de Rubens. Ela transformou-se na sua fonte de inspiração. Foi a sua Vénus. Este retrato confirma o incansável entusiasmo de Rubens pela "mais bela mulher de Antuérpia".

Música para: Quando eles (também) estão apaixonados ...

A Man Is In Love
por The Waterboys

A man is in love, how do I know?
He came and walked with me, and he told me so
In a song he sang, and then I knew
A man is in love with you

A man is in love, how did I hear?
I heard him talk too much whenever you're near
He whispered your name when his eyes were closed
A man is in love and he knows

A man is in love, how did I guess?
I figuered it out while he was watching you dress
He'd give you his all, if you'd but agree
A man is in love and he's me


P.S.: Isto de serem elas só a colocar músicas cor de rosa tem que acabar! ;)

18 outubro 2005

Música para: una paloma triste

Cucurrucucu Paloma

Por Caetano Veloso

Dicen que por las noches
no más se le iba en puro llorar;

dicen que no comía,
no más se le iba en puro tomar.

Juran que el mismo cielo
se estremecía al oír su llanto,
cómo sufrió por ella,
y hasta en su muerte la fue llamando:

Ay, ay, ay, ay, ay cantaba,
ay, ay, ay, ay, ay gemía,
Ay, ay, ay, ay, ay cantaba,
de pasión mortal moría.

Que una paloma triste
muy de mañana le va a cantar
a la casita sola
con sus puertitas de par en par;

juran que esa paloma
no es otra cosa más que su alma,
que todavía espera
a que regrese la desdichada.

Cucurrucucú paloma, cucurrucucú no llores.

Las piedras jamás, paloma,
¿qué van a saber de amores?

Cucurrucucú, cucurrucucú,
cucurrucucú, cucurrucucú,
cucurrucucú, paloma, ya no le llores

17 outubro 2005

Aulas de substituição nas escolas ...

Sobre as aulas de substituição, Daniel Sampaio escreveu uma crónica, no sábado, na revista Xis, da qual destaco o seguinte:

«(...) Defendo que uma "aula de substituição" deve ser tudo menos uma aula formal, com matéria, fichas e exercícios, antes deve proporcionar um ENCONTRO ORGANIZADO e LIVRE entre um grupo de jovens e um adulto disponível: haverá alguma coisa mais importante do que isso, no contexto de uma escola?
Meu caro professor se vai dar uma aula dessas, comece por falar de si: o seu nome completo, o que faz, como é a sua família, do que gosta ou não gosta (animais, clubes, tempos livres, aspirações pessoais...). Depois ouça os alunos de forma organizada, diga uma graça adequada para quebrar o gelo inicial, esteja atento aos temas que eles enunciam) de forma tímida. Nunca deixe que se atropelem ou desorganizem a conversa! Se encontrar um silêncio persistente, fale da televisão, discuta uma notícia de jornal, traga um tema da escola para discussão participada.»

É muito gratificante conversar e estar com os alunos. O professor, independentemente da disciplina que lecciona, tem o dever de promover a formação integral do aluno. Muitos dos nossos estudantes lêem mal, escrevem mal, lidam mal com os números, não conseguem dar uma opinião fundamentada sobre temas que os envolvem e não têm vontade de aprender a aprender. Às vezes pensam, que só querem ter uma formação especializada em determinada área, mas esquecem-se que isso não os desliga do mundo em que estão inseridos. E que mais cedo ou mais tarde, o mundo os interpela e exige a sua participação, seja ela muito ou pouco informada.

16 outubro 2005

Grito de Ipiranga ...

Excelentes sonoridades para acompanhar sessões de trabalho (nocturnas):

Blow Up de Richard Galliano e Michel Portal.





[ Afinal de contas, este não é exclusivamente um blogue de e para gajas! ;) ]

À Espera no Centeio

Terminei hoje a leitura do livro de J.D. Salinger, "À Espera no Centeio" (The Catcher In The Rye), publicado, entre nós, pela Difel. Em análise, até 31 de Outubro, no Leitura Partilhada.

«Contado na primeira pessoa, "À Espera no Centeio" relata as aventuras de Holden Caufield, um rapaz de 16 anos que, ao ter de deixar o colégio interno que frequenta, mas receoso de enfrentar a fúria dos pais, decide passar uns dias em Nova Iorque até começarem as férias de Natal e poder voltar para casa. Confuso, inseguro, incapaz de reconhecer a sua própria sensibilidade e fragilidade, Holden percorre nesses dias um intricado labirinto de emoções e experiências, encontrando os mais diversos tipos de pessoas e envolvendo-se em situações para as quais não está preparado.»

Neste livro, a atitude que Holden tem perante a vida incomoda. É um adolescente, com dúvidas e inseguranças próprias desta fase. No entanto, não se esforça para conseguir nada. Esta postura perante as coisas e a vida deixa-me preocupada. Muitos jovens, não todos (felizmente), e até mesmo muitos adultos, têm muitas vezes esta atitude. Não se esforçam para ultrapassar as dificuldades, desistem perante um problema (a saída mais fácil) e acham que os outros (normalmente, os pais), mais cedo ou mais tarde, lhes irão resolver os problemas. Falta-lhes objectivos e vontade de lutar por eles.

O professor Antolini diz a Holden o seguinte: «(...) parece-me que assim que começares a perceber claramente para onde queres ir, o teu primeiro passo vai ser aplicar-te na escola. Tem de ser. És um estudante, quer a ideia te agrade ou não. Tens a paixão do conhecimento»

Vivemos numa sociedade cada vez mais competitiva, a nossa medida padrão tem que ser pelos melhores. Penso que seria meio caminho andado, se a maioria dos nossos estudantes assumisse a paixão pelo conhecimento, já que é na escola, quer queiram quer não, que o seu futuro começa a ser preparado.

Música para: Apaixonados (e não só!) ...

You're Beautiful porJames Blunt

My life is brilliant.

My love is pure.
I saw an angel.
Of that I'm sure.
She smiled at me on the subway.
She was with another man.
But I won't lose no sleep on that,
'Cause I've got a plan.

You're beautiful. You're beautiful.
You're beautiful, it's true.
I saw your face in a crowded place,
And I don't know what to do,
'Cause I'll never be with you.

Yeah, she caught my eye,
As we walked on by.
She could see from my face that I was,
Flying high,
And I don't think that I'll see her again,
But we shared a moment that will last till the end.

You're beautiful. You're beautiful.
You're beautiful, it's true.
I saw your face in a crowded place,
And I don't know what to do,
'Cause I'll never be with you.

You're beautiful. You're beautiful.
You're beautiful, it's true.
There must be an angel with a smile on her face,
When she thought up that I should be with you.
But it's time to face the truth,
I will never be with you.

15 outubro 2005

A Dama de Honor ...


"A Dama de Honor" é um filme do cineasta Claude Chabrol, a partir de um romance de Ruth Rendell. O filme conta-nos a história de Philippe, que vive com a mãe e com as irmãs (Sophie e Patrícia). Philippe dá-nos a sensação que sabe o que quer, bastante racional e responsável. É o homem da família, a quem a mãe muitas vezes pede ajuda, para que fale com a irmã mais nova (Patrícia), especialmente quando esta chega tarde a casa e dá sinais de que alguma coisa não está bem. É a ele que a irmã mais nova recorre quando quer dinheiro.

Sophie casa-se com Jacky. No dia do casamento, Philippe conhece Senta, que é uma das Damas de Honor e prima do noivo.

Philippe apaixona-se por Senta. Encontram-se. Amam-se. Mas, Senta começa a mostrar sinais de algum desequilíbrio, obsessão, que a Philippe parecem fruto de uma imaginação excessiva. Philippe deixa-se agarrar pela teia que Senta vai urdindo.

Senta é uma mulher sensual, misteriosa e inquietante. Com um passado, que nunca chegamos a saber se é verdadeiro ou não, que envolve Marrocos, haxixe, teatro, posar para fotos e bares de strip-tease. Uma personagem, da qual tudo se espera. Que nos deixa na expectativa. A mulher pecado. A casa onde vive, com evidentes sinais de degradação, sublinha o suspense. Senta, num enorme casarão que divide com a madrasta (que passa praticamente todo o filme a ensaiar para ir a concursos de tango), escolhe a cave.

A mensagem do filme, para mim, é que as pessoas por mais normais que aparentem ser, escondem sempre uma outra faceta. Philippe, no meio da racionalidade que aparenta, revela uma obsessão por uma estátua que guarda de um rosto feminino, que chega a beijar. O rosto da estátua assemelha-se ao de Senta. O que é ser normal? O que define a fronteira entre o que consideramos normal e o que foge da normalidadde?

A faceta pública das pessoas não é, nem pode ser a mesma em privado. O problema, é a fissura que se abre entre os papéis representados em público e em privado. Todas as famílias têm os seus segredos, os seus medos, as suas inquietações e a sua maneira de encarar os problemas.

Houve momentos, em que a personagem de Philippe me deixou inquieta, especialmente a sua passividade perante a loucura verbalizada por Senta.

O filme conduz-nos na expectativa de um outro final. Gostei das interpretações de Benoît Magimel (Philippe), que me lembro de A Pianista (porque será? ;)), e de Laura Smet (Senta).

14 outubro 2005

Música para: Ouvir todo o dia ...


Who Are U?

de e por David Fonseca

Ever since I saw you
I want to hold you
Like you were the one

It sees right through me
A bullet it comes and takes me
And I love you I love you
I want you but I fear you

Who are u ?
who are u?

Ever since I saw you
I want to hold you
Like you were the one

You feet rest on my shoes
I sing this song for you
Just to see you smile

And I love you I love you
I love you but I fear you

Who are u?
who are u?

For how long
How strong do I still have to be?
How come you mean so much to me?

For how long
How strong do I still have to be?
How come you mean so much to me?

And I love you I love you
I want you but I fear you

Who are u?
who are you?

For how long
How strong do I still have to be?
How come you mean so much to me?

For how long
How strong do I still have to be?

12 outubro 2005

A sua estação de rádio personalizada ...



Simplesmente delicioso conseguir ouvir uma estação sem músicas repetidas o que mais se gosta mesmo sem conhecer algumas das sugestões e tudo baseado na aprendizagem contínua das músicas que se vão ouvindo.

A nossa estação chama-se Laranja com Canela

Obrigado ao Linha dos Nodos pela sugestão.

11 outubro 2005

Pequena grande causa ...

PODE O PÚBLICO SFF ESCLARECER COM QUEM É QUE FÁTIMA FELGUEIRAS MANTEVE CONTACTOS NO SECRETARIADO NACIONAL DO PS? QUANDO É QUE ESSES CONTACTOS TIVERAM LUGAR? QUEM É QUE INFORMOU JAIME GAMA PREVIAMENTE DA LIBERTAÇÃO DE FÁTIMA FELGUEIRAS?

Como "o Público não pode exigir a terceiros uma conduta que os seus leitores não lhe possam igualmente exigir a si".

E a lista de pessoas que pensam o mesmo, está a crescer a cada hora que passa:


A Destreza das Dúvidas, A Fonte, A Forma e o Conteúdo, A Grande Loja dos Trezentos, A Origem das Espécies, Ar Fresco, As Farpas, Abrangente, Abrupto, Adufe, Afixe, Akiagato, Albardeiro, Al(maria)do, Almocreve das Petas, Arcadia, Asilo do Obstinado, Belogue Civico, Biblioteca de Babel, Bicho Carpinteiro, Blasfémias, Blogo Existo, Blogouve-se, Bloguítica, Bodegas, Bombyx Mori, Carambas!, Carlos Alberto, Contador de Gaivotas, Contrasenso, Cuidado de Si, Crackdown, Dolo Eventual, E-jetamos, EN101, Enchamos Tudo de Futuros, Escrita Casual, Espreitador, Fórum Comunitário, Gatochy's Blog, Homem ao Mar!, Ideias em Desalinho, Janela Para o Rio, Jornalismo e Comunicação, Laranja com Canela, Linha do Horizonte, Loja de Ideias, Ma-Schamba, Minha Rica Casinha, Miniscente, Nortadas, O Caricas, O Contradito, O Grunho, O Homem do Leme, O Insubmisso, O Insurgente, O Plagiário, O Reformista, O Sexo dos Anjos, Observador Cósmico, Os Corredores do Poder, Política e House, Política Pura, Porta Aviões, Portugal dos Pequeninos, Praça da República em Beja, Quarta República, Quase em Português, Random Precision, Revisão da Matéria, Satyricon, Sentidos Percebidos, Sob a Estrela do Norte, Sopa de Pedra, Tela Abstracta, Tempo Suspenso, Tese & Antitese e 2B.

07 outubro 2005

A III república ...

Inqualificável é a maneira como várias corporações têm parasitado o estado ajudando o "monstro" a crescer sem controlo à vista, passando pela vergonha do nosso sistema de justiça e ... agora a tão propalada inversão do ónus da prova - a admissão da própria incapacidade de querer e/ou poder alterar o status quo.

A irracionalidade que é caminhar para o abismo e não fazer nada! Quando é que os portugueses acordam e enfrentam a situação? Quando começar a haver incumprimentos de pagamentos na Segurança Social? Quando aumentarmos ainda mais o nível de impostos de maneira a asfixiar qualquer capacidade de investimento e crescimento económico? Será que temos inscrito no nosso ADN a condição de eternos remediados? Será que não nos sabemos governar por nós próprios neste cantinho à beira mar plantado? Estaremos condenados a saltar para lá das nossas fronteiras? É que lá fora, longe dos direitos adquiridos tout court é comum ver compatriotas nossos a trabalhar com afinco, a ultrapassarem-se a eles mesmos, enfim, a prosperar!

É ver os pilares da nossa república a falharem as missões para os quais foram criados, nomeadamente quando se analisa acontecimentos como os de Felgueiras & cia. É ver o poder legislativo a fazer leis, leis e mais leis que de tão perfeitas, são completamente inaplicáveis. Tão perfeitas, que permitem ser aplicadas das maneiras mais contraditórias por uma estirpe de inqualificáveis. Quase apetece dizer "leis de e para aldrabões".

É ver o poder executivo, cada vez com menor capacidade. E mais importante, com cada vez menos coragem de mudar o que quer que seja. É o tique estatizante. Ele são projectos megalómanos para aeroportos, para TGVs, subsidiação de energias alternativas, etc. ... e o monstro continua a crescer ... a devorar os parcos recursos que fazem falta ao investimento e crescimento económicos a quem verdadeiramente gera riqueza. É a absoluta incapacidade de controlar e domesticar um conjunto de corporações que de há muito estão habituadas a comer à mesa do orçamento de estado.

É ver o poder judicial, completamente inoperante em termos de eficácia na aplicação das leis. É vê-los dar tristes exemplos como os de Felgueiras onde quem foge à justiça é recompensado. Na Casa Pia onde os testemunhos não são considerados para efeitos de escusas de ida a tribunal de certos arguidos mas em que os mesmos testemunhos já são utilizados durante o julgamento. É ver os meses a passar para se analisarem recursos e se tomarem outras decisões processuais. Já para não falar nas constantes insinuações de influência partidária em certas decisões.

É ver a comunicação social discutir o acessório em vez do essencial. É ver os media audio visuais, os de maior impacto, a repetir acriticamente notícias elaboradas por gabinetes de relações públicas e/ou acessores de imagem. É ver o constante enviezamento ("bias") do jornalismo de causas. É o entretenimento rotulado de informação. Quase apetece dizer "é infotainment, estúpido!". É a crescente falta de credibilidade decorrente de atitudes autistas e corporativistas em que certos jornais ditos de referência são constantemente desmentidos e não tomam a iniciativa de esclarecer os seus leitores.

Quase apetece dizer "o último a sair que feche a porta!".

É isto, o melhor que conseguimos ser?

Naufrágio de um Cargueiro ...


J. M. W. Turner (1775-1851) pintou o quadro "Naufrágio de um cargueiro", em 1810, em plena Revolução Industrial. No meio de uma tempestade violenta, agressiva, um cargueiro não resiste à força da natureza. As ondas levantam-se em fúria e quase que se confundem com o céu. O cargueiro no meio desta força não resiste. Os ocupantes, tentam sobreviver, mas a fragilidade das suas vidas é evidente. Gritam de terror. A morte está próxima.

Não pretendo fazer uma análise exaustiva do quadro, que se encontra exposto no Museu Gulbenkian, em Lisboa. No entanto, a mensagem que Turner nos queria deixar ainda continua actual. O Homem pode construir barcos que consigam transportar toneladas de carga, pode construir barragens, aviões, casas inteligentes, enviar sondas a Marte, explorar o fundo dos oceanos, viajar pelo espaço, etc... no entanto, torna-se tão frágil e impotente perante a revolta da natureza.

Nos últimos tempos ouvimos falar do Katrina e do Rita. E este calor de Verão que temos sentido? O que é feito do Outono? Gosto de sol. Mas agora já chega ... não?!

04 outubro 2005

Já tem o seu post it versão online?

Quem não gostaria de levar consigo para qualquer lado o seu painel de post it? ;-)

Agora já é possível através do Webnote.

Sugestão: Podem utilizar o nosso painel para intercâmbio de ideias e comentários.

03 outubro 2005

Adesão a uma pequena grande causa ...

Faço minhas, as palavras de Paulo Gorjão - "O Público não pode exigir a terceiros uma conduta que os seus leitores não lhe possam igualmente exigir a si" .

Há que perceber que a credibilidade profissional de todos nós, é diariamente posta à prova através da avaliação do desempenho do trabalho realizado. Se ninguém é perfeito e errar é humano, não podemos persistir no mesmo padrão recorrentemente. Há que aprender com os erros. É preciso não esquecer a história de Pedro e do Lobo ... Como leitores (e cidadãos) merecemos um esclarecimento. Portanto,

PODE O PÚBLICO SFF ESCLARECER COM QUEM É QUE FÁTIMA FELGUEIRAS MANTEVE CONTACTOS NO SECRETARIADO NACIONAL DO PS? QUANDO É QUE ESSES CONTACTOS TIVERAM LUGAR? QUEM É QUE INFORMOU JAIME GAMA PREVIAMENTE DA LIBERTAÇÃO DE FÁTIMA FELGUEIRAS?

Campanha publicitária do ano ... ;)

Já tomou o seu?

02 outubro 2005

Hoje acordei (assim) ao som da Filarmónica Gil ...

Deixa-te Ficar na Minha Casa

Tenho livros e papéis espalhados pelo chão.
A poeira duma vida deve ter algum sentido:
Uma pista, um sinal de qualquer recordação,
Uma frase onde te encontre e me deixe comovido.

Guardo na palma da mão o calor dos objectos
Com as datas e locais, por que brincas, por que ri
E depois o arrepio, a memória dos afectos
Mmmmmm Que me deixa mais feliz.

Deixa-te ficar na minha casa.
Há janelas que tu não abriste.
O luar espera por ti
Quando for a maré vasa.
E ainda tens que me dizer
Porque é que nunca partiste ...

Está na mesma esse jardim com vista sobre a cidade
Onde fazia de conta que escapava do presente,
Qualquer coisa que ficou que é da nossa eternidade.
Mmmmmmm Afinal, eternamente.

Deixa-te ficar na minha casa.
Há janelas que tu não abriste.
Deixa-te ficar na minha casa.
Há janelas que tu não abriste.
O luar espera por ti
Quando for a maré vasa.
E ainda tens que me dizer
Porque é que nunca partiste ...

01 outubro 2005

Museu Calouste Gulbenkian


Na sexta-feira, fui ao Museu Calouste Gulbenkian e fiz uma "Volta ao Mundo em Dez Obras de Arte". Já não é a primeira vez que realizo esta visita e sinto sempre que vale a pena.

Com as visitas guiadas aprende-se mais. Mas a guia faz a diferença. Pode-nos abrir horizontes, contando-nos a história e a contextualização de uma peça, deixando em nós um bichinho curioso de querer saber mais, ou pode querer simplesmente cumprir o horário da visita e não se preocupar em cativar o público ávido de saber que tem à sua frente.

Penso que a maioria dos lisboetas não se apercebe da importância do Museu Gulbenkian e da sua colecção. Deveríamos visitá-lo com mais frequência, pois só assim poderemos reconhecer o legado cultural que Calouste Sarkis Gulbenkian nos deixou.

Fez a 20 de Julho deste ano, 50 anos que faleceu no Hotel Aviz, em Lisboa. Que sorte a nossa ter escolhido Portugal para viver em 1942, em plena II Guerra Mundial.