18 setembro 2005

À Boleia Pela Galáxia

À Boleia Pela Galáxia (The Hitchhiker's Guide To The Galaxy) de Douglas Adams (1952-2001) foi publicado originalmente, em Inglaterra, em 1979.

Assim que abrimos o livro deparamo-nos com a frase: NÃO ENTRE EM PÂNICO. É um óptimo conselho para a alucinante, bem humorada e surreal viagem, onde o improvável é uma constante.

À Boleia Pela Galáxia começa com Arthur Dent confrontado com a demolição da sua casa para a construção de uma via rápida. Entretanto, o seu amigo Ford Prefect, alienígena disfarçado de actor, depois de obrigar Arthur a beber umas cervejas (que servirão de relaxante muscular), salva-o da destruição da Terra. O Planeta Terra é destruído para dar lugar a uma auto-estrada intergaláctica.

Neste universo, descobrimos que qualquer viajante que se preze deve ter "O Guia da Galáxia Para Quem anda à Boleia". Obviamente, a edição em "formato de microcomponente electrónico submétrico", pois se fosse impresso como um livro normal, os viajantes "precisariam de vários edifícios incovenientemente grandes para o transportar consigo".

Uma toalha de banho, da Marks & Spencer, é outro dos objectos extremamente úteis para quem viaja à boleia. Muito prática pois serve: - para o viajante se enrolar se tiver frio; para se deitar; como cobertor no planeta deserto de Kakrafoon; para velejar numa pequena jangada; para a luta corpo a corpo se estiver molhada; serve também para enrolar em volta da cabeça como protecção de fumos nocivos; para evitar o olhar da besta voraz; para acenar como sinal de aflição e por fim, se ainda estiver limpa, o viajante pode usá-la para se limpar. Para além disto tudo, a toalha tem um importante valor psicológico. Um viajante que sabe sempre onde está a sua toalha é um homem de respeito.

Ford Prefect e Arthur, momentos antes da destruição da Terra, apanham boleia numa nave vogon. Os vogons são "mal-humorados, burocráticos, inoportunos e insensíveis" e têm a terceira pior poesia de todo o Universo. A segunda é a dos Azgoths de Kria. A pior poesia do universo morreu com a destruição do planeta Terra. A sua autora era Paula Nancy Millstone Jennings, de Greenbridge, Essex, Inglaterra.

Expulsos da nave Vogon, Ford e Arthur são lançados ao espaço e apanhados pela nave "Coração de Ouro", onde viaja o Presidente da Galáxia. O Presidente da Galáxia é Zaphod Beeblebrox, aventureiro, ex-hippie, boémio e oportunista. Tem duas cabeças e três braços. Na nave viaja também, Trillian e Marvin.

Trillian é Tricia MacMillan, terrestre, com uma licenciatura em matemática e astrofísica, que preferiu apanhar uma boleia a ir para as filas do centro de emprego. Conheceu Arthur numa festa, mas foi Zaphod quem a conquistou. Trillian tem, como seus únicos elos de ligação à Terra, dois ratos brancos fechados numa gaiola. Numa aparente sequência de coincidências, que mais tarde se irão compreender (ao mais ínfimo e intoxicante pormenor), irão todos em busca do "Santo Graal" mais conhecido pelo número 42!? Vale a pena acompanhar esta estranha e improvável viagem em conjunto.

Uma história interessante que, à boa maneira da ficção científica, levanta vários assuntos existenciais e filosóficos, tais como a aniquilação/redução de uma espécie a um indivíduo (ou a dois) e a subjugação da nossa espécie a outra(s). Qual a nossa origem? Qual o nosso papel? O que fazemos aqui? Para onde vamos? Não existirão outras espécies tão ou mais inteligentes que a nossa? Como gerimos os nossos recursos? Somos donos e senhores do mundo, até quando? E Deus?

Esta obra permite-nos questionar a visão demasiado antropológica da natureza (e do universo) que todos temos. Enfim, uma série de assuntos interessantes, polvilhados com muito humor "nonsense" - exagerado em alguns registos - mas de leitura acessível e viciante até à última página. Falta-nos agora, a respectiva confrontação com o filme. A adaptação ao cinema de uma história com estas características, deixa-nos deveras na expectativa.

Esperamos voltar em breve a este assunto ... até lá boas leituras ... e ...

NÃO ENTREM EM PÂNICO!

13 setembro 2005

Meia-Noite ou O Princípio do Mundo ...

Richard Zimler, no romance Meia-Noite ou O Princípio do Mundo (edições Gótica), desafia-nos a viajar de 1798 a 1925, atravessando três continentes: Europa, África e América.

Ao longo desta aventura somos conduzidos por John Stewart Zarco. Nascido no Porto, filho de um escocês (James Stewart) e de uma judia portuguesa (Maria Pereira Zarco). John é o narrador e começa por nos falar da sua infância, no Porto, e do seu amigo Daniel, da aventura no mercado das aves e da influência que Violeta terá na vida de ambos.

Intrigado com a palavra marrano, irá descobrir o judaísmo. «Tudo o que eu sabia de fonte segura era que Moisés era um profeta que tinha chifres na cabeça. (...) todos os judeus tinham tido estas protuberâncias há milhares de anos atrás, mas que tinham caído por falta de uso. (...) alguns membros antigos desta raça tinham mesmo possuído caudas peludas.» Depois de confirmar que não tinha "indícios de excrecências disformes denunciadoras" ficou mais descansado.
Importante é também, a influência de Meia-Noite na vida de John e da sua família. Meia-Noite chega ao Porto com James Stewart, vindos de África. Meia-Noite não teria mais de metro e meio e a sua pela era negra. John e a mãe recebem o boximane com desconforto. Mas, Meia-Noite com a sua sabedoria e bondade irá conquistar a amizade de ambos.

Depois de uma viagem a Inglaterra, James Stewart regressa sem Meia-Noite. Segundo o relato, Meia-Noite morreu. Este acontecimento marca profundamente a família e a verdade só virá muito mais tarde.

O reencontro com Violeta e a tentativa de corrigir uma acção injusta, levam-no a viajar para os Estados Unidos da América. Aí confronta-se com a escravatura e uma sociedade dividida entre brancos e negros. As grandes plantações de brancos. E os negros, escravos, seres humanos tratados sem dignidade e abusados na sua integridade.

Este romance mostra-nos, através da família de John, como vivia uma família de "cristãos-novos", em Portugal, em finais do século XVIII e princípio do século XIX. Supostamente, não havia judeus em Portugal, porque em 1497, os judeus converteram-se, depois de ameaçados de morte, e passaram a ser cristãos-novos. Não podiam professar livremente a sua fé e se o fizessem eram perseguidos, presos e até mortos. Vivia-se um sentimento desagradável, de mau estar em relação aos judeus.

Amizade, amor, traição, judaísmo e escravatura, são temas que fazem de "Meia-Noite ou o Princípio do Mundo" um livro a ler. É um importante contributo para saber quem somos e relembrar-nos das opções que tomámos ao longo da História. O preconceito, não é algo novo. Às vezes sinto, que demoramos, em demasia, a aprender as lições da nossa História. Precisamos de mais obras como esta.

12 setembro 2005

Blite de Cinema e Filosofia

Para todos aqueles que se interessam por cinema, filosofia, teatro e literatura, aconselho uma visita ao Cinefilosofia.


P.S.: Blite = Blog(ue) + Site.

08 setembro 2005

A Possibilidade de uma Ilha

"La Possibilité d´une Île" [A Possibilidade de uma Ilha] é o último romance de Michel Houellebecq e tem suscitado muita polémica em França. O tema do romance é a clonagem humana. Aguardamos a tradução portuguesa.

06 setembro 2005

New Orleans precisa de ajuda...

A Cruz Vermelha Americana é a principal presença nas zonas afectadas pelo furacão Katrina. Ajudar é fácil. Basta ir a https://give.redcross.org e deixar o seu donativo.

05 setembro 2005

Praia do Barril (Tavira)

A água limpinha. O sol. A esplanada. Os aperitivos. As bolas de Berlim ... e as férias de verão terminaram.

01 setembro 2005

De férias ...

De férias ... pelas terras dos Algarves. STOP. Pouca bateria. STOP. Está a saber muito bem. STOP. Boa comida. Boa praia. Ali para os lados de Tavira. STOP. :( Voltamos em breve ...